top of page

Lia de Itamaracá: 80 anos do Patrimônio - mais Vivo do que nunca - da Cultura de Pernambuco

Ano após ano, a artista segue como um dos membros mais importantes da disseminação da cultura pernambucana para o restante do país 

IMG_8526.CR3

Genivaldo Henrique

egegeg.png

Lia de Itamaracá só passou a ser chamada assim nos anos 1960, no início da sua carreira. Antes disso, ela era apenas Maria Madalena Correia do Nascimento, mais uma habitante da Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Por mais que tenha vindo de uma infância ordinária, no entanto, o tempo provaria apenas que aquela criança, nascida em 12 de janeiro de 1944, viria a se tornar um marco cultural para Pernambuco e para o Brasil, mas não sem muita luta. Em 2024, ela completa 80 anos e segue como membro ativo da disseminação da música pernambucana.

                                                             Arquivo Pessoal/ @seujosedeholanda

 

Vida e obra

Única de 22 filhos a se dedicar plenamente à música, ela sempre demonstrou paixão pela dança, por meio das cirandas e rodas de coco, ainda na infância. O primeiro grande marco da sua carreira veio, curiosamente, de forma indireta. A ciranda estava crescendo no Brasil entre o final da década de 1960 e o começo de 1970, muito por conta do Movimento Armorial, idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna.

 

Em 1967, a pesquisadora e cantora Teca Calazans lançou um compacto simples com uma seleção de cirandas. Dentre elas, estava  “Quem me Deu Foi Lia”, de Antonio Baracho. Posteriormente, Lia de Itamaracá desmentiu envolvimento na música, o que serviu para dar um impulso inicial na sua carreira.

 

A artista lançou o seu primeiro disco em 1977, que carregava o título de "A Rainha da Ciranda", pelo qual ela mesma ficaria conhecida posteriormente. É neste mesmo álbum que nasce "Moça Namoradeira", uma das músicas mais tocadas da sua carreira.

 

Por mais que não tenha feito muito sucesso à época, o reconhecimento devido veio apenas em 1998, quando o produtor musical Beto Hees a levou para participar do "Abril Pro Rock", festival realizado no Recife e em Olinda. Já há 30 anos sem gravar uma música sequer, a artista agarrou a oportunidade como uma chance de mostrar o seu talento e carisma para o Brasil.

 

Ainda em 1998, Lia participou do festival internacional Vozes do Mundo, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. Sua participação no evento rendeu o CD "Eu Sou Lia" (2000), junto com algumas faixas gravadas em estúdio. Daí para frente, tornou-se uma artista conhecida nacionalmente, sempre levando a música popular e a cultura da ciranda pernambucana Brasil afora. Dentre os seus maiores sucessos, estão "Desde Menina", "Meu São Jorge" e "Eu Sou Lia Minha Ciranda Preta Cirandeira". Além disso, ela também é membro ativo do cinema brasileiro, com  participações no filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho, e o curta-metragem Formiga Come do Que Carrega (2013), de Tide Gugliano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Patrimônio Vivo de Pernambuco

Por sua contribuição na disseminação da cultura pernambucana e da ciranda no Brasil e no exterior, em 2005, Lia de Itamaracá recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. A decisão veio pela Comendadora da Ordem do Mérito Cultural do Brasil, do Ministério da Cultura, como forma de reconhecer o trabalho da artista no desenvolvimento sociocultural brasileiro.

 

Outro título de honraria concedido à artista é o de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Por mais que tenha frequentado a escola apenas até o primeiro ano do ensino fundamental, a instituição levou em consideração a grande importância da sua obra artística para a formação da identidade cultural do Nordeste.

Os títulos servem para dar visibilidade à artista, tantas vezes olhada de lado pela cultura brasileira, mas que nunca desistiu de levar o que mais ama para as pessoas: a música. Com quase 80 anos, Lia segue sendo uma relíquia, não só para o Estado, como também para o Brasil como um todo. Uma artista que veio para ficar enraizada, seja de Itamaracá a Juazeiro ou do Oiapoque ao Chuí. Um Patrimônio Vivo - com todas as letras e significados que a palavra possui - da Cultura de Pernambuco.

Escute Lia de Itamaracá:

Leia também: 

É reggae, frevo, cultura, resistência. É a Nzambi que há 20 anos transforma com sua singularidade

Grupo musical que em 2023 está completando duas décadas.

370119966_852444126451703_9203597961263854598_n.jpg
1655.jpeg
bottom of page