Cinema da UFPE recebe a primeira edição do “Festival Jorra!”, a partir desta quarta (15)

Nesta quarta-feira (15) o Cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) recebe o “Jorra!”, um festival cinematográfico que coloca o protagonismo negro dentro e fora das grandes telas. Logo na primeira edição, o evento conta com três dias de programação, desta quarta (15) à sexta-feira (17), e traz mostra de filmes produzidos por pessoas autodeclaradas pretas ou indígenas. 

 

O Jorra! é gratuito e conta com sessões competitivas, debates e produções especiais, como a mostra infanto-juvenil. Tudo é preparado por uma equipe também composta por pessoas não brancas.

 

Realizado pelo Tinha que ser Negro, Grave Ateliê e pela produtora Inferno Produções, a iniciativa do Jorra! de focar em realizadores não brancos também passou pela organização. Isso veio por meio do trabalho de curadoria, composto por quatro pessoas negras: Dandara de Morais, Diana Paraíso, Douglas Henrique - que também atua como diretor de programação do festival - e Felipe dos Santos.

 

Dos cerca de 160 filmes inscritos no Jorra!, serão exibidas 32 produções que variam em gêneros e formatos. Além deles, grande parte das sessões também contará com debates que irão nortear a experiência. “É interessante exercitar esse lugar de espectadores e de contato com as equipes dos filmes”, pontua a produtora Diana Paraíso, curadora do festival.

 

Além da diversidade racial, os videoclipes, curtas e média-metragens selecionados para o festival também ampliam a linguagem cinematográfica ao trazerem várias formas de contar uma narrativa. Através de animações, clipes ou documentários, as produções são diversas e, de alguma maneira, convergem entre si. “A gente queria trazer uma grade variada, com novas óticas e formas de mostrar uma perceptiva”, conta Diana.

 

Um lugar de experimentação, sensação e viabilização

 

Segundo Diana, em primeiro lugar, para a curadoria, foi importante pensar o cinema como um lugar de experimentação. Diante da diversidade dentro da própria equipe, composta por pessoas de diferentes áreas, como dança, cineclubismo e produção, um dos critérios para a seleção dos trabalhos foi pensar narrativas que saíssem do óbvio.

 

“Foi um processo de bastante troca, porque nós tínhamos visões parecidas, mas ao mesmo tempo queríamos trazer novas formas de mostrar uma perspectiva”, diz Diana.

 

Com a variedade dos temas, toda a programação do Jorra! é dividida em oito sessões, nomeadas de “O açude da memória”, “Panorama Pernambuco”, “Infanto-juvenil”, “Isso não é uma competição”, “Confluências, congruências e divergências”, “Vida adulta é pagar conta, mochila pesada nas costas e outras cositas más”, “O cinema de Antonio Carrilho” e “Entre cavar o chão e alçar voo pelo céu”.

 

Os filmes, por sua vez, foram segmentados de acordo com as similaridades subjetivas que tinham com os outros. “A gente foi vendo essas congruências, e fomos dividindo a partir desse pequenos elos entre eles, que trazem várias temáticas e, ao mesmo tempo, várias diferenças entre si”, explica a curadora.“Eu acho que uma das questões do cinema e da curadoria negra, é que a gente não está no lugar de trazer sofrimento, a gente está no lugar de criação e num lugar que a gente quer mostrar toda profundidade que é você ser um corpo no mundo”, completa.

 

Diana conta ainda que é muito importante ter essa estreia no ambiente como o da universidade, e as expectativas são de uma estreia que abra caminhos para as próximas edições. “As pessoas vão poder desfrutar de uma programação totalmente gratuita, e a sensação que eu tive ao assistir os filmes, e acredito que meus colegas também tiveram, é que a gente passa a conhecer outros lados da realidade. A gente acredita que vemos muito do Brasil a partir da ótica da TV ou do cinema brasileiro tradicional, mas o cinema independente, o cinema jovem e o cinema negro também traz essas bagagens”, diz.

 

O Jorra! começa às 14h desta quarta-feira (15). Para participar, basta adquirir seu ingresso gratuito no Sympla.

 

Confira a programação abaixo: