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É reggae, frevo, cultura, resistência. É a Nzambi que há 20 anos transforma com sua singularidade

Grupo musical que em 2023 está completando duas décadas.

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Leandro Lopes

03 de dezembro de 2023

Diretamente de um dos bairros mais ferventes de cultura, música e bastante cunho político, nasceu a N'Zambi em 2003 na Várzea, Zona Oeste da cidade do Recife. Sendo uma das bandas mais importantes para o cenário do reggae e da valorização musical, tanto em Pernambuco como nacionalmente, o grupo iniciou trazendo mudanças de pensamento e um despertar para aqueles que acreditavam que músicas no estilo reggae tivessem apenas um formato.

                                                                                             (Imagens: Divulgação/ N'Zambi)

Construída por George de Souza (Vocal), Diego ILarráz (Baixo). Gustavo Souto (Guitarra), Mauro Delê (Percussão) e Paulo Ricardo (Bateria), o grupo mantém sua formação original desde o início, completando 20 anos neste em 2023 e mostrando a diversidade musical para todos aqueles que escutam N’Zambi. George Souza comenta com alegria sobre o surgimento e o objetivo que eles tinham ao criar o grupo em entrevista para a Manguetown Revista.

 

"Construímos uma banda de reggae, mas não queríamos nos prender apenas a esse estilo. Tivemos que estudar as nuances, fazer essa coisa muito própria em Recife, que é misturar os ritmos. Flertamos com vários gêneros”, destaca George.

 

Eles dizem e constroem um movimento de resistência e potência musical

 

A jornada da banda N'zambi é marcada pela luta e, também, pela afirmação da identidade negra e pela resistência contra o racismo. O nome "Nzambi" foi escolhido com base na conexão com a raiz africana, onde "kimbundo" significa Deus, ou aquele que diz e faz. Essa escolha carrega um significado profundo, enraizado em Angola e nos terreiros de candomblé de nação angola, onde a referência a Deus é feita como "nzambi". “Para nós, é muito marcante porque fomos a fundo, vimos que o nome vem de Angola e em terreiros de candomblé de nação angola”, destaca George.

 

                                                                                                (Imagens: Divulgação/ N'Zambi) 

Além disso, a abordagem da banda é caracterizada por agir sem muita espera. Ao longo dos anos, conseguiram chegar a diversas regiões, impulsionando seu mérito e se consolidando como um coletivo de resistência, muito mais do que apenas uma banda.

 

N’zambi, Troinha e muita cultura

 

No contexto local, o reconhecimento no bairro da Várzea é um ponto positivo destacado pela banda. O apoio da comunidade foi fundamental para plantar a semente e fortalecer suas raízes. Em um momento descontraído da entrevista, George revela para a Manguetown um fato bastante peculiar e muito interessante: “Há uns dois anos, um amigo meu, DJ, foi tocar em uma escola particular na Várzea e ele fez uma enquete para as crianças escolherem o que tocar. Estávamos lá entre as dez pedidas, junto com Troinha, então a gente vê crianças que conhecem o trabalho”.

 

No entanto, apesar desse reconhecimento local, ainda enfrentam desafios para romper uma bolha em Recife, onde percebem um diálogo mais efetivo com o exterior do que com o próprio Estado. “Sempre tivemos essa ânsia de dialogar com outros gêneros e estilos, mas, durante esses 20 anos, muitos festivais não acolheram a Nzambi. Muitas vezes, lá fora somos mais acolhidos do que no próprio estado e pelos artistas locais”, diz o vocalista da banda.

 

E o Estado, por que não valoriza essa potencialidade?

 

Ao abordar a questão do investimento e incentivo do estado, a banda destaca a dificuldade enfrentada, mesmo com a Lei Aldir Blanc. A falta de apoio ao longo dos anos é evidente e a Nzambi ressalta a complexidade para uma banda de periferia se encaixar nos padrões convencionais, especialmente quando se trata de gêneros musicais como o reggae.

 

"Finalmente, a gente conseguiu acessar algum recurso do estado, mas antes disso foram vários anos que tentamos e é muito difícil. Uma banda de periferia, quando não está naquele formato, infelizmente se cria muito isso. As pessoas buscam uma diversidade, mas essa diversidade tem um limite. Por ser uma banda de reggae, é como se não encaixasse”, declara George.

 

“Era muito difícil a gente se encaixar em uma grade de carnaval. Então, eles acabam colocando, porque tem 20 anos e tem pessoas que acompanham e documentação em dia, mas eu acredito que deveriam ter outro tipo de incentivo. Acredito que, como uma banda como a Nzambi, não consegue aprovar um edital de circulação, rodar outros estados, porque já falamos da cultura de Pernambuco, mas sempre que fazemos isso é com nossos custos, e cada vez está mais difícil porque está tudo mais caro”, completa ele.

 

Carnaval de 2024 vai ser preenchido com bastante Frevo Regado

 

Além disso, a N'Zambi destaca a importância do Frevo Regado em seu repertório. Surgindo em 2017, a banda foi convidada para uma releitura no Paço do Frevo, consolidando essa fusão de estilos. Durante a pandemia, sentiram a necessidade de reafirmar o frevo em seu repertório, desmontando e reconstruindo músicas, valorizando a originalidade, mas deixando a marca única da Nzambi.

                                                                                                               (Imagens: Divulgação/ N'Zambi) 

Com cinco faixas, o grupo promete transformar o carnaval e mostrar que o frevo pode sim ser tocado por um grupo de reggae. Por fim, George destaca que em 2024 quer mostrar ainda mais a potencialidade da banda e evidenciar que para além da música, a Nzambi é um dos maiores grupos de resistência do Brasil.

Escute N'Zambi nas plataformas digitais e siga o grupo clicando aqui:

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