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I Fliperifa leva experiências literárias a equipamentos culturais e escolas da periferia do Recife

Com programação distribuída nos bairros da Torre, Pina e Ibura, o evento acontece nos dias 18 e 25 de maio e em 1º de junho, reivindicando o acesso à literatura.

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Letícia Barbosa

17 de Maio de 2024

A primeira edição do Festival Literário das Periferias (Fliperifa) tem início neste sábado, 18 de maio, na Rioteca, situada na comunidade Santa Luzia, no bairro da Torre, Zona Norte do Recife. Nos próximos fins de semana - 25 de maio e 1º de junho - é a vez da Livroteca Brincante do Pina e a Associação da Tancredos Neves, respectivamente, receberem o evento. Com o mote “Direito à literatura”, o festival homenageia as escritoras negras Odailta Alves e Inaldete Pinheiro, que estarão presentes na roda de conversa de abertura para discutir o tema, a partir das 10 horas da manhã. Somam-se ao encontro oficinas e recitais de poesia. 

 

Além dos equipamentos culturais, a Fliperifa vai ocupar uma escola municipal de cada um dos três territórios com a Malateca, uma iniciativa de artivismo literário pelo qual uma verdadeira biblioteca itinerante e viva é transportada em uma mala. A proposta é da arte-educadora e mediadora de leitura, Magda Alves, com intervenções marcadas por trocas e distribuição de livros, varal de poesias, recital poético e contação de histórias.

 

A Fliperifa trata-se de um projeto de arte e educação idealizado e coordenado pela pedagoga, arte-educadora e produtora cultural, Palas Camila, realizado por meio do edital Multilinguagens Recife Criativo, da Lei Paulo Gustavo (LPG) do Recife - Secretaria de Cultura/Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

 

Para Pallas, o principal objetivo é democratizar acessos. “O Direito à Literatura defende que todas as pessoas tenham acesso à arte, principalmente às expressões literárias. O Festival Literário das Periferias visa compartilhar o papel das comunidades recifenses nos debates sobre a literatura. Estamos perpetuando a arte nas zonas sul, leste e oeste da cidade do Recife e consideramos que os encontros são uma troca cultural entre essas regiões, além da expansão de saberes e conhecimentos”, destaca a coordenadora da Fliperifa. 

 

A multiartista Bell Puã assina a curadoria literária do evento. De acordo com ela, “espera-se potencializar as expressões literárias nas zonas periféricas como uma forma de mudança social, mediante o incentivo à leitura e à escrita, entendendo também a importância da periferia traçar suas próprias narrativas”. 

 

CONFIRA AQUI “PASSA NADA”, DE BELL PUÃ  

                                                                     (Imagens: Reprodução/ Redes Sociais)
 

Direito à Literatura

 

Puã revela que o mote escolhido para esta primeira edição da Fliperifa foi inspirado em um texto do consagrado sociólogo e crítico literário, Antonio Candido. A obra homônima ao festival, defende que todos e todas devem ter acesso a diversas formas literárias, inclusive os chamados “clássicos”. “Mesmo que não goste, tenha direito. O direito à literatura é [ter] escolha”, pontua a curadora do evento. 

 

Sobre o processo de montagem da programação, Bell Puã destaca:  “pensei em pessoas pretas que estão longe dos holofotes e que fosse gente como a gente, de periferia”. Além disso, ela não esconde a forte admiração pelos colegas de profissão.“São artistas sérios, com um trabalho bonito”,  comenta. 

 

O território foi um aspecto importante considerado. A poeta se orgulha de ter conseguido montar a primeira parte da programação em um dos bairros, o Ibura, com pessoas que vieram de lá. Ela se refere à roda de conversa do dia 1º de junho, que contará com Elke Falconiere, Priscila Ferraz e Marcone Ribeiro na mediação. Já no dia 25 de maio, a programação contará com Amanda Timóteo, Karinne Costa e Marcondes, no bairro do Pina.

 

Para Bell Puã, a Fliperifa é mais do que um evento de literatura, é uma experiência. “Democratizar literatura não é só tome o livro, é [também] tome a experiência em comunidade”, declara ela. Para isso, a alimentação não pode ficar de fora. Citando o médico e cientista social, Josué de Castro, a curadora questiona “qual a razão da literatura no mundo que passa fome?”, ao indicar que eventos desse tipo devem ter a sensibilidade de considerar esse fator. 

 

Vânia Silva é a responsável pelo lanche durante o evento que será garantido pelo festival. Além dela e de Bell, mais sete mulheres, em sua maioria negras e mães, integram a equipe do projeto, o que, para a curadora literária, foi muito importante para a concepção da iniciativa. 

 

Primeira parada: Rioteca  

 

Cada território contará com um curador local, isto é, da própria região onde acontece o evento. Na primeira parada, no bairro da Torre, é o administrador e produtor cultural, Eduardo Gomes, que assume essa missão. 

 

“O projeto foi pensado para dar acesso à cultura de qualidade; levar aos lugares a possibilidade desse acesso; deixar do lado da casa delas [as pessoas] a programação”, explica Gomes. O produtor reflete sobre como os eventos culturais gratuitos são escassos e costumam ocorrer nas áreas centrais da cidade ou em espaços não tão simpáticos a toda população. “Quando tem evento de literatura é no Centro de Convenções ou no shopping”, ele completa. 

 

Eduardo acredita que o festival é, principalmente, para as pessoas do entorno da Rioteca, assim como dos outros equipamentos onde ocorrerá a programação. Mais do que um evento de literatura, a Fliperifa é uma experiência de valorização do espaço público e das relações humanas que fomenta. Ele conta que o Rioteca é uma espécie de parque construído na beira do Rio Capibaribe pela própria comunidade. Esta usufrui e garante a manutenção da área de lazer coletiva. 

 

No bairro da Torre, também há uma Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e a equipe Fliperifa, de acordo com Eduardo, tratou de se articular com esse outro coletivo para que divulguem e participem do evento. 

 

Além de Eduardo Gomes, Bell Puã, Vânia Silva, Magda Alves e Palas Camila, uma equipe tem trabalhado para fazer a primeira edição do Fliperifa acontecer. Jéssica Jansen é coordenadora de produção e produtora local da comunidade do Bode, Tássia Seabra é produtora local do Ibura e integra a comunicação, Mila Barros está na produção atitudinal, Thays Medusa é fotógrafa, Jaks Interpretações fará a interpretação de libras e Daniel Lima comanda a assessoria de imprensa. 

 

O recital Já Pá Rua, organizado pelo rapper Sofio, e as oficinas mediadas pelas poetas Adelaide Santos e Patrícia Naia, e a rapper Original Lety completam a programação.

 

                                                                     (Imagens: Reprodução/ Redes Sociais)

Confira a programação da 1ª Festival Literário das Periferias

 

18 de maio (sábado)

Local: Rioteca (bairro da Torre)

 

Manhã

 

Roda de conversa: O Direito À Literatura

 

Convidadas: Inaldete Pinheiro e Odailta Alves

 

Mediadora: Bell Puã

 

Tarde

 

Oficina - Poesia Cantada

 

Mediadora: Adelaide Santos

 

Slam - Recital Já Pá Rua


 

25 de maio (sábado)

Local: Livroteca Brincante do Pina

 

Manhã

 

Roda de conversa: Escrevivências na cidade do Recife

 

Convidada: Karinne Costa; Convidado: Marcondes FH

 

Mediadora: Amanda Timóteo

 

Tarde

 

Oficina: Conhecendo a Literatura Marginal Contemporânea

 

Mediadora: Patricia Naia

 

Slam - Recital Já Pá Rua

 

1º de junho

Local: Associação da Tancredo Neves (Ibura)

 

Manhã

 

Roda de conversa: Caneta de Mulher Escrita é Sobrevivência

 

Convidada: Priscila Ferraz e Elke Falkoniere

 

Mediador: Marcone Ribeiro

 

Tarde

 

Oficina: Rima - Entre a Escrita e o Freestyle

 

Mediadora: Original Lety

 

Slam - Recital Já Pá Rua

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