Com obras nacionais e internacionais, Festival Janela de Cinema chega à sua 14ª edição valorizando arte e cultura no Recife
A vasta programação se estende até o próximo domingo (12), com um total de 60 títulos e cerca de 50 exibições
Genivaldo Henrique
10 de novembro de 2023- 17:00
Nascido em 2008 pela motivação dos diretores Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux, o Festival Janela de Cinema segue trazendo o cinema independente internacional para Pernambuco. Em sua 14ª edição, a mostra estreou na última segunda-feira (6), com o lançamento do longa "Sem Coração", da alagoana Nara Normande e do pernambucano Tião, no Teatro do Parque, no bairro de São José, área central do Recife.
A vasta programação se estende até o próximo domingo (12), com um total de 60 títulos e cerca de 50 exibições.
Uma novidade desta edição são as apresentações artísticas ao vivo de grandes nomes do Lipsync recifense, como Sharlene Esse, Odilex e Raquel Simpson, que abrem algumas sessões surpresas de filmes. As performances chegam para dar continuidade ao legado dos cineteatros da cidade, pontos conhecidos pela valorização da arte performática, que anda lado a lado com o cinema.
"O Janela estabeleceu, ao longo das suas 14 edições, um olhar curatorial muito próprio em torno do cinema, dos arquivos e da memória. É um festival que presa muito pela liberdade dos realizadores e dos filmes. Também é um festival que presa muito pelos encontros e pelas conversas que se estabelecem a partir das conversas com os filmes. Para mim, um aspecto forte enquanto espectador do Janela, é o festival consistir nesses encontros de calçada, antigamente ali no São Luiz, na Rua da Aurora, onde multidões de pessoas se reúnem para trocar ideia de forma muito especial sobre filmes", revelou um dos curadores da mostra, crítico e pesquisador de cinema e artes visuais, Pedro Azevedo.
Curadoria do festival
Neste ano, o festival conta com uma curadoria especial, que visa trazer grandes títulos internacionais aliados a clássicos e lançamentos brasileiros. Além de Pedro Azevedo, Felipe André Silva, Lorenna Rocha e Rita Vênus, com consultoria artística de Luís Fernando Moura, fecham a curadoria da mostra.
Natural de Fortaleza, no Ceará, Pedro contou à reportagem que começou a acompanhar o festival em 2012, ainda como espectador, mas que chegou a comparecer nas noites de exibição do São Luiz, que atualmente parecem tão longínquas, para acompanhar sua paixão: o cinema. Desde então, chegou a atuar como crítico e programador, até ter a chance de realizar a curadoria neste ano.
"O Janela é um festival que se constrói muito por meio de uma relação direta com o espectador do Recife. Eu não sou do Recife. Nas minhas vindas, tive a sorte de conhecer de perto, porque a partir dessas vindas ao Recife, consegui me aproximar de Kleber Mendonça e Emilie Lesclaux, e com boa parte da equipe de produção do festival. É um festival que mantém a mesma equipe ano após ano e isso é muito importante no sentido de ter um olhar apurado para a realidade da cidade. Para mim, enquanto alguém que não mora no Recife, isso sempre foi muito importante, dado à especificidade do público", pontuou o curador.
Um dos principais focos do trabalho de curadoria feito pela equipe foi promover uma mostra multifacetada, que celebre a arte do arquivo e apresente, em sua forma original e inalterada, grandes clássicos do cinema internacional e nacional. Um desses filmes é "Tatuagem", do diretor pernambucano Hilton Lacerda, que completa 10 anos em 2023 e segue impactando cada espectador que alcança. O longa teve exibições no Cinema do Derby, na quarta-feira (8), e na quinta (9), no Cinema da UFPE.
A trama do filme segue Clécio Wanderley, interpretado por Irandhir Santos, e Fininho, vivido por Jesuíta Barbosa. Os dois logo se encantam um pelo outro e a narrativa trabalha, de forma brilhante, o cenário no qual os dois estão inseridos, em um Brasil ainda sob o regime da Ditadura Militar, e o desenvolvimento do relacionamento amoroso dos dois.
"A curadoria dessa Janela acontece através de um esforço coletivo. Essa é a primeira vez que eu posso contribuir com o festival. Neste ano, o processo de pesquisa foi conduzido de maneira totalmente autônoma. Não recebemos nenhum dos filmes, fomos atrás deles por meio de referências que a gente acumulou durante o ano enquanto espectadores e agentes que circulam por outros festivais. Mapeamos o que poderia ser interessante, dado o olhar curatorial do Janela, sendo um festival muito aberto a diversas proposições políticas e estéticas", completou Pedro.
Imagens: Divulgação/ Tatuagem
Remasterizações também fazem parte da curadoria. A organização promete "lançar luz a cópias raras", com algumas cópias nunca antes exibidas, como os curtas “Chico da Silva”, de 1977, “Homens Trabalhando”, de 1978 e “A Visita”, de 1982.
Na categoria de longas-metragens, o público tem a oportunidade de apreciar diversos outros títulos que se destacaram em festivais ao redor do mundo e que chegam ao Recife pela primeira vez, como "Folhas de Outono" (de Aki Kaurismäki), "Não espere muito do fim do mundo" (de Radu Jude), "Estranho Caminho" (de Guto Parente), "O auge do humano 3" (de Teddy Williams), "O dia que te conheci" (de André Novais de Oliveira), "Los colonos" (de Felipe Gálvez Haberle), "La Tierra los Altares" (de Sofia Peypoch), entre outros.
"A verdade é que, para apresentar a programação, dividimos cinco blocos de curtas-metragens, além de programas especiais como curtas do Coletivo Los Ingrávidos do México, uma seleção de curtas japoneses feitos por um projeto curatorial de São Paulo, onde vamos apresentar cinco filmes do Japão. Também teremos longas contemporâneos e clássicos sempre em versão restaurada, da melhor maneira possível. E as apresentações surpresas de Lip Sync", pontuou Pedro Azevedo.
Programação do festival
O próprio festival, através do seu perfil no Instagram (@janeladecinema), divulga a programação completa de cada dia de exibição. Confira, abaixo, todos os filmes e atrações artísticas presentes na 14ª edição do Festival Janela de Cinema.
Pontos de exibição e como participar
Além do Teatro do Parque, a programação estará em cartaz no Cinema da UFPE, na Cidade Universitária, Zona Oeste da capital, e nas salas Derby e Porto Digital do Cinema da Fundação, com ingressos que podem ser adquiridos pelo Sympla e uma parte também por meio de venda nas bilheterias antes de cada sessão, sujeita à capacidade da sala. Os ingressos são vendidos a R$ 5 (meia) e R$ 10 (inteira). As sessões no Cinema da UFPE são gratuitas.
A 14ª edição da Janela Internacional de Cinema do Recife é uma realização da Cinemascópio, com patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (FUNCULTURA PE), Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco e do Sistema de Incentivo à Cultura da Cidade do Recife. Este ano, o Cinema São Luiz, fechado desde maio de 2022, fica de fora do festival.
por Hannah Carvalho @hnnhcrvlhfotografia @hnnhcrvlh-23.jpg
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