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Passa Disco: Recife perde mais um espaço de memória e pertencimento cultural

Loja de vinil e CDs com mais de 20 anos encerra atividades presenciais


Recife é cercado por arte, teatro, música e por um forte senso de pertencimento de seus moradores, que se orgulham em dizer, batendo no peito, que são recifenses, leões do norte. No entanto, mesmo com toda essa identidade cultural vibrante, diversos espaços culturais estão chegando ao fim. Um exemplo marcante é o fechamento da loja “Passa Disco”, localizada na Rua da Hora, no bairro do Espinheiro, Zona Norte da capital pernambucana. Desde 2003, a loja resistiu, lutando para manter viva a venda de CDs, discos e outros materiais musicais.



(Imagens: Reprodução/ Redes Sociais)

Em entrevista à Manguetown Revista, Fábio Cabral, proprietário da Passa Disco, relembrou a história do estabelecimento: “A loja começou como tantas outras... Com o tempo, a classe artística e os fazedores de cultura começaram a frequentar. Assim, o Passa Disco se transformou em um espaço dedicado à música regional”. Contudo, o fim desse importante ponto de encontro cultural está próximo, e Fábio organizou um último evento, marcado para o dia 28 de setembro, para encerrar as atividades presenciais da loja.


Fábio Cabral na Passa Disco - Reprodução/ Redes Sociais

Com o passar dos anos, a transformação no consumo de música teve impacto direto na loja. “A forma de ouvir música mudou... Os artistas pararam de lançar mídias físicas, e, consequentemente, as vendas despencaram”, comenta Fábio. Ele também reflete sobre as mudanças no cenário artístico: “Mudou o modo de se ouvir e fazer arte no Brasil e no mundo. Os espaços só sobrevivem com público... e isso também se alterou”.


Cannibal, renomado artista recifense, também conversou com a Manguetown Revista sobre a importância da Passa Disco em sua vida e expressou tristeza pelo fechamento da loja. “Fico muito triste com o fim físico da loja Passa Disco. Uma loja de vinil tem uma atmosfera única. Ouvir um vinil em grupo é uma verdadeira confraternização. Sempre há alguma história em torno daquele disco. O Fábio sabia disso muito bem, e usava o espaço da loja para promover eventos e feiras, onde outros vendedores de vinil se reuniam”, disse Cannibal.


Imagem: Vanessa Alcântara

Ele ressaltou ainda como o vinil, que antes era considerado um souvenir, hoje é visto como um produto raro, e como os encontros organizados na Passa Disco eram importantes para os colecionadores. “Além das raridades que se encontravam, graças à variedade de vendedores, os preços eram mais acessíveis. A Passa Disco era uma loja tradicional que fará muita falta, não só pelo espaço físico, mas por tudo o que proporcionava à comunidade e aos amantes da música”, completou.


Quando questionado sobre o que fará com o material que ainda não foi vendido, Fábio afirmou: “Os CDs lacrados continuarei comercializando pelo Instagram (@passa.disco).”


Com o fechamento da Passa Disco, Recife perde mais do que uma simples loja, perde um espaço de convivência, troca de experiências e celebração da cultura musical, que por muitos anos foi um ponto de encontro fundamental para a cidade.




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