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Sofia Freire vai explodir o teto e a sua mente

Crítica sobre o álbum ‘Ponta da Língua’

Manu Gomes

23 de Abril de 2024

O terceiro álbum da artista pernambucana Sofia Freire, ‘Ponta da Língua’, foi lançado no dia 01 de março de 2024. Com produção independente, todas as composições ficaram por conta da artista, com exceção da faixa ‘Dentro de Mim’, escrita também por Igor de Carvalho. O disco traz o retorno de Freire, após sete anos, desde o seu último trabalho, o álbum ‘Romã' (2017).

 

                                                                                 (Imagens: Luara Olívia/divulgação)

 

Na minha faixa favorita ‘Autofagia’, que abre o disco, ela faz uma referência evidente ao movimento antropofágico de 1920, que mescla a cultura nacional e a estrangeira para criar obras únicas e brasileiras. Aqui Freire quer se explorar, abrir a própria mente para possibilidades, se “auto devorar” para atingir novos limites. De preferência, ela não quer um teto lhe atrapalhando. Assim, a recifense conseguirá observar a abóbada celeste lhe cobrindo a cabeça de novas ideias e imaginação.

 

Esse é apenas um dos destaques do seu novo álbum de nove faixas. A duração é curta? Sim, mas não no sentido ruim que estrague a experiência, todavia é pelo desejo que fica de querer apreciar mais e mais. Sofia escreve de forma graciosa, com um toque de humor e brinca com o sentido das palavras como na faixa ‘Arrebento’: É que eu arrebento / Me assombra e me fascina / Tudo o que me aglutina, quero logo estourar [na carreira musical]. Além disso, as distorções vocais estão presentes e são bem usadas em pontos-chaves de todas as músicas.

 

É difícil definir o gênero musical de Freire. E não reclamo, longe disso. Ela mescla, neste álbum, batidas eletrônicas, notas de piano, instrumentos de percussão e vocalizações sintetizadas. Entra na caixinha do Indie? É a vibe perfeita para curtir num barzinho do centro, acompanhado de uma taça de vinho quente ou por que não, uma cervejinha gelada?

                                                                                 (Imagens: Luara Olívia/divulgação)

 

No quesito melodia eu destaco as canções ‘Orlando’ e ‘Big Bang’. Na primeira, a pernambucana se pergunta sobre si mesma e qual será o seu futuro nas ilusões da vida. Já ‘Big Bang’ é literalmente uma música sobre viagem espacial, do mesmo nível, ou até melhor, que a do filme Interestelar, com um toque de psicodelia. A música tem uma batida que marca o refrão, mas os versos são escritos diferentes em cada repetição, trazendo referências espaciais. Você aceitaria uma visita pelo universo, com duração de 3 minutos e 52 segundos, para sentir poeira e vácuo? Mas, por favor, use fones de ouvido na primeira escuta! É obrigatório para sentir as nuances dos toques e flutuar nas batidas sintetizadas.

 

No geral, o sentimento que fica ao apreciar ‘Ponta da Língua’ é o de um sorriso quente de canto a canto da boca. Recomendo veementemente que você, leitor, escute este álbum com o coração aberto para pensar sobre si mesmo, junto com a Sofia Freire. A produção cativante deste álbum vai te deixar com a língua salivando por mais! Você pode conferir o trabalho da artista nas principais plataformas de streaming, como Youtube Music, Spotify e Deezer.

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