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O Pulsar do Maracatu: tradição, resistência e a celebração dos 35 anos do Maracatu Nação Pernambuco

Foto do escritor: Manguetown RevistaManguetown Revista

Atualizado: 3 de mar.

A Manguetown Revista traz a perspectiva do grupo de Maracatu de baque virado com muita religiosidade e história


Texto de Maria Eduarda Silva e Manu Gomes


Imagem: André Martins
Imagem: André Martins

O Maracatu não é apenas um ritmo ou uma manifestação cultural passageira que surge e desaparece com o Carnaval. Para quem vive e respira essa tradição, o batuque do tambor é o próprio coração pulsando sem descanso, de geração em geração. O Maracatu Nação Pernambuco, que celebra 35 anos de existência, em 2025, exemplifica essa conexão profunda entre passado, presente e futuro.


Criado em dezembro de 1989, por Bernardino José, o grupo de maracatu desceu as ladeiras de Olinda pela primeira vez em fevereiro de 1990. O fundador se uniu com Amélia Veloso - anteriormente ambos eram dançarinos do Balé Popular do Recife - para cantar e coreografar os membros do maracatu.


Desde então, Maracatu Nação Pernambuco já realizou apresentações pelo Brasil afora e também na rota do mundo. Portugal, Estados Unidos, Inglaterra e França foram alguns dos países que já puderam prestigiar o som dos seus tambores. 


A sede do grupo, localizada em frente à Praça da Abolição, no Centro Histórico de Olinda, também abriga a Escola Pernambucongo de Multirritmia. É uma forma de incentivar e perpetuar o conhecimento para novos instrumentistas, trazendo oficinas de instrumentos musicais como alfaia, agbê, caixa, tambor, gonguê e ganzá.


O ritmo que mantém a tradição viva


Bernardino José, fundador do Maracatu Nação Pernambuco, ressalta a dedicação contínua do grupo. “É um trabalho que acontece durante o ano inteiro. Há uma preparação constante para o carnaval, com destaque para o desfile de rua e o trabalho de palco. É motivo de muita alegria fazer esse trabalho acontecer anualmente”, afirma.


Bernadino José, fundador do Maracatu Nação Pernambuco. Imagem: Robson Santos
Bernadino José, fundador do Maracatu Nação Pernambuco. Imagem: Robson Santos

Ele destaca que o Maracatu está no sangue do povo pernambucano e ressoa em todo o planeta. "Quando o tambor toca, o coração responde. Essa conexão entre ritmo e alma faz com que cada desfile seja uma celebração única", conclui.


A Noite dos Tambores Silenciosos e a conexão espiritual


Uma das celebrações mais importantes do Maracatu é a Noite dos Tambores Silenciosos, evento que vai além da música e do espetáculo visual. Para Anabella Veloso, cantora do Nação Pernambuco, essa noite carrega um forte significado ancestral e religioso.


"Os Tambores Silenciosos resgatam a cultura negra e as raízes do Maracatu. Muitas nações têm terreiros como fundamento, e essa noite é uma reverência tanto aos orixás quanto à Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. É um momento de respeito, fé e conexão com nossos ancestrais", afirma.


Imagem: André Martins
Imagem: André Martins

A música como narração da história


No Maracatu Nação Pernambuco, as canções seguem uma estrutura narrativa. O repertório, em grande parte composto pelo próprio Bernardino José, fundador do grupo, conta uma história com começo, meio e fim. "Nossas músicas reforçam a relação com a cultura e as tradições afro-brasileiras. Nós trabalhamos o repertório o ano inteiro para garantir que a mensagem chegue ao público de forma forte e autêntica", explica Anabella.


Este ano, o Maracatu Nação Pernambuco desfilará com um figurino especial e uma camisa comemorativa, celebrando seus 35 anos de trajetória. "Queremos que essa festa seja um grande aniversário para todos que amam o Maracatu", comenta Anabella.


Formação e Continuidade: O Futuro do Maracatu


O Maracatu não se limita ao Carnaval. Durante o ano todo, o Nação Pernambuco realiza ensaios, participa de eventos e mantém escolas de percussão e dança abertas ao público. "Os ensaios são sempre abertos. Fora do período de Carnaval, participamos de festivais, eventos municipais e fazemos receptivos. Temos aulas diárias de percussão e dança, mantendo viva a tradição e formando novas gerações", afirma Anabella.


Essa transmissão do conhecimento para os mais jovens garante que a cultura do Maracatu continue viva. Como Bernardino enfatiza, "é uma tradição passada de pai para filho, de geração em geração”. “O tambor nunca para. Nunca parou e nunca parará", finaliza.


Imagem: André Martins
Imagem: André Martins

O Maracatu Nação Pernambuco é mais do que um grupo carnavalesco. É um patrimônio cultural vivo, que pulsa no coração de Pernambuco e inspira novas gerações a manterem viva essa tradição. O Carnaval pode ser a grande vitrine do Maracatu, mas sua essência transcende qualquer data no calendário: ele vive no sangue, no som e na alma de quem bate o tambor.



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