top of page

“Salomé”, do pernambucano André Antônio, estreia em Recife durante a programação de mostra dedicada ao personagem bíblico

Foto do escritor: Letícia BarbosaLetícia Barbosa

Após arrematar oito prêmios no Festival de Cinema de Brasília, o filme será exibido no Cinema São Luiz no evento realizado pelo Cine XHY247



Aura do Nascimento e Renata Carvalho em "Salomé". Foto: Divulgação
Aura do Nascimento e Renata Carvalho em "Salomé". Foto: Divulgação

Entre os dias 10 e 14 de dezembro, o Cineclube XHY247 realiza a Mostra Salomé. Com programação distribuída nas salas da Casa Lontra, Cinema da UFPE e Cinema São Luiz, o evento leva ao público produções cinematográficas de épocas, nacionalidades e estilos diferentes que retratam a princesa bíblica. As exibições marcam a estreia do longa “Salomé” em Recife, com roteiro e direção de André Antônio, neste sábado (14), no Cinema São Luiz.


“Salomé” foi apresentado pela primeira vez no 57º Festival de Cinema de Brasília, que ocorreu na última semana, entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro. O filme conquistou oito das categorias, sendo o grande vencedor da edição. 


O longa-metragem levou o Prêmio de melhor filme pelo júri popular e pelo júri oficial;  melhor roteiro, direção de arte e trilha sonora pelo Troféu Candango; Renata Carvalho foi a vencedora do Troféu Candango de atriz coadjuvante; e ainda foram arrematados o Prêmio da Crítica e o Prêmio Like. 


Uma Salomé pernambucana



Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A princesa Salomé, de acordo com os Evangelhos, seria a responsável pela decapitação de João Batista, ao exigir seu assassinato após dançar na celebração de aniversário de seu tio-avô, Heródes Antipas, governador de parte das terras do Sul do Oriente Médio, por volta do ano 29. Ao longo dos anos, a personalidade foi tema de diversos enredos no cinema. 


Com forte inspiração da tragédia de Oscar Wilde (1981), o segundo longa-metragem de André Antônio transporta a figura mítica para um cenário bem específico: Recife.


“Meu filme não é uma adaptação da peça de Wilde, apenas toma a peça como ponto de partida. O conflito entre alguém cosmopolita e descolada como Cecília e o universo suburbano e provinciano da sua família, conflito sem dúvida compartilhado por muitas existências queer, é algo que permeia o filme através de situações e sensações que vêm da minha própria história pessoal como alguém que veio de uma família pobre mas que acabou, pelos acasos e sortes da vida, realizando o sonho de fazer filmes”, declara André.

O filme, dirigido e roteirizado pelo recifense, conta a história de Cecília, uma jovem modelo de sucesso, que retorna à capital pernambucana para passar o Natal com a mãe. Nesse período, encontra João, um vizinho que ela não vê há muito tempo. Ele lhe mostra um misterioso frasco contendo uma substância verde tóxica. Cecília começa a se apaixonar por João, mas também descobre que ele está envolvido com uma estranha seita ao redor da figura de Salomé, conhecida como a sanguinária princesa bíblica.


André Antônio. Foto: Analu

O longa-metragem expressa a áurea cinematográfica de André, que é marcada por personagens que estão em busca de prazer, tentando alcançar seus ideais particulares de paraíso. Elementos que encontramos em seu primeiro longa, “A Seita” (2025), onde a busca está no o retorno à cidade e à casa da infância, e também  pelos  cheiros e sabores do sexo, como no curta fetichista "Vênus de Nyke" (2021).


Outro destaque para a leitura pernambucana da figura de Salomé é a presença de nomes da arte queer brasileira. Isso sem estarem associados a enredos de violência e transição de gênero, o que também é comum nos trabalhos de André. “Aura do Nascimento, uma das artistas visuais mais instigantes de Recife hoje; Renata Carvalho, um dos nomes fundamentais no debate e na luta das travestis brasileiras e, também, uma diva do teatro e do cinema brasileiros; e Everaldo Pontes, lenda viva do cinema brasileiro”, comenta.


Além disso, André conta que “Salomé” carrega referência ao melodrama clássico e a parte da ideia de filme com experiência mística e repleta de fantasia. Essas características também são frequentes nas produções do Coletivo Surto & Deslumbramento, integrado por André,  Chico Lacerda, Fabio Ramalho e Rodrigo Almeida, que surgem com a proposta de abraçar elementos como o artificialismo, o lúdico, a paródia, o deboche, a viadagem, a pinta, o pop e a cultura de massa, como eles mesmos definem. 



Mostra Salomé


Além da estreia do filme pernambucano, a Mostra Salomé traz como destaques a sessão do clássico “O Evangelho Segundo São Mateus” (1964),do italiano Pier Paolo Pasolini e as exibições de “O Último Mergulho” (1992), do português João César Monteiro e da adaptação alemã filmada no Líbano dirigida por Werner Schroeter em 1971.


A mostra é uma realização do Cineclube XHY247 fundado em julho de 2024 pela professora Angela Prysthon e estudantes da pós e graduação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O projeto exibe clássicos e produções independentes, buscando fomentar o debate crítico e a apreciação das diversas linguagens audiovisuais. Atualmente, o cineclube conta também com membros de outros cursos como Artes Visuais, Letras e Filosofia, procurando sempre expandir seus horizontes e discussões sobre cinema e arte no geral. 


Para a Mostra Salomé, o Cineclube XHY247 conta com a parceria do CineLab, projeto de extensão do curso de Cinema e Audiovisual da UFPE, Casa Lontra e Cinema São Luiz, além de  apoio da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretária de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco e do Ministério da Cultura do Governo Federal.


O evento contará ainda com um catálogo digital da mostra, ainda sem data de publicação, com textos sobre os filmes que serão exibidos e algumas das produções de André Antônio. 



 

Programação completa:


10/12 (Terça-feira, Casa Lontra):


20h | Salomé (idem), 1976, Teo Hernández, 65 minutos, México/França. 

A casa será aberta uma hora antes da sessão, às 19h, mas a exibição só terá início

às 20h.


11/12 (Quarta-feira, Cinema da UFPE):


14h | Salomé (idem), 1922, Alla Nazimova e Charles Bryant, 74 minutos, EUA.

16h30 | O Evangelho Segundo São Mateus (Il vangelo secondo Matteo), 1964, Pier

Paolo Pasolini, 137 minutos, Itália. 


12/12 (Quinta-feira, Cinema da UFPE):


14h | Salomè (idem), 1972, Carmelo Bene, 80 minutos, Itália. 

16h30 | Traga-me a Cabeça da Filha de Babilônia (idem), 2022, Davi Barros, 8

minutos, Brasil + Salome (idem), 1971, Werner Schroeter, 81 minutos,

Alemanha/Líbano.


13/12 (Sexta-feira, Cinema da UFPE):

14h | O Último Mergulho (idem), 1992, João César Monteiro, 88 minutos, Portugal. 

16h25 | Face (Visage), 2009, Tsai Ming-liang, 138 minutos, Taiwan/França. 


14/12 (Sábado, Cinema São Luiz):

19h | Salomé (idem), 2024, André Antônio, 118 minutos, Brasil.

+ Sessão seguida de debate com André Antônio e Aura do Nascimento, mediada

por Davi Barros. 


Serviço:

Evento: Mostra Salomé 

Locais: Casa Lontra, Cinema da UFPE e Cinema São Luiz 

Datas: 10, 11, 12, 13 e 14 de dezembro de 2024

Instagram: @cinexhy247




Comentarios


bottom of page