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59 anos de Chico Science, o alquimista do som que experimentava palavras

Foto do escritor: Beatriz SantanaBeatriz Santana

Em comemoração ao aniversário do transformador musical e um dos idealizadores do Manguebeat, a Manguetown Revista trouxe um passeio intimista pelo conteúdo dos cadernos deixados por Chico Science


Em Pernambuco, 13 de março está longe de ser um dia qualquer. Lembrada pelo nascimento de Chico Science, a data é o momento que os conterrâneos celebram a vida, a passagem e o legado de um dos idealizadores do Manguebeat que ajudou a sintonizar o resto do mundo, em meados da década de 1990, na frequência da Cena Mangue. 


Chico Science em performance no Brooklyn, Nova York. Imagem: Reprodução/David Corio
Chico Science em performance no Brooklyn, Nova York. Imagem: Reprodução/David Corio

Diferentemente da matéria que a Manguetown Revista publicou em comemoração ao aniversário e trajetória artística de Chico Science em 2024 (leia o texto sobre a vida do artista na íntegra aqui), a proposta deste ano que o símbolo completaria 59 anos é apresentar, por meio de registros que revelam um lado mais íntimo e sentimental, uma perspectiva nova da história do compositor. 

[Página 35 do caderno 19]
Página 35 do caderno 19
Página 35 do caderno 19
Página 35 do caderno 19

Após nove anos de catalogação, um acervo digital com os cadernos e folhas avulsas deixados por Chico Science foi disponibilizado por Maria Goretti de França, uma dos três irmãos do artista. Construído com ajuda da filha de Chico, Louise França, e da amiga do músico, Sonaly Macedo, o Acervo Chico Science. revela uma pessoa otimista, um homem apaixonado, um pai amoroso, um amigo presente, um trabalhador esforçado e, sobretudo, uma mente à frente do próprio tempo.


Dos 27 cadernos cuidadosamente guardados pela família, sete deles estão completamente disponíveis para visualização. A cada página virada, fica cada vez mais difícil não se surpreender com o território inédito da mente de um mobilizador que aparentava ser fácil de entender, mas, que pensou de forma tão fértil quanto os manguezais da Manguetown. 


Para ter as letras de composições autorais como “Manguetown”, “Samba Makossa”, “Rios, Pontes e Overdrives”, “Afrociberdelia” potencializada pelos amplificadores, Chico antes experimentava um processo criativo nas folhas do papel. Rasuras, rabiscos e setas que apontam em direção ao termo correto preenchem as linhas em que ele testou as diferentes formas de celebrar e vingar a cidade. Desse modo, os registros comprovam, por sua vez, que, para o cantor, o Manguebeat foi, mais que tudo, “uma diversão levada a sério”.


Desde ideias para composições e gravações de música; poesias autorais ou parafraseadas; declarações de amor e amizade; reflexões sobre a própria existência e do coletivo; menções a elementos da cultura pernambucana; até listas de afazeres e anotação de nomes, telefones, endereços e fórmulas matemáticas; o conteúdo dos cadernos é um  passeio pelo passado do músico. 


Página 50 do caderno 12
Página 50 do caderno 12
Página 35 do caderno 6
Página 35 do caderno 6

Chiquinho, Francisco de Assis França, Chico Vulgo, Chico Science e outras versões do cantor estão imortalizados nas tintas de caneta e nos grafites de lápis transformadas em uma experiência virtual


Basta passar o mouse sobre a tela para folhear virtualmente os cadernos do alquimista do som que foi, antes de tudo, um experimentador de palavras. Em cada frase, verso e sentença presentes nas folhas deixadas por Chico Science, está, para além de um artista, uma pessoa que dá mais vontade de conhecer.


Terceira página do caderno 6
Terceira página do caderno 6
Nona página do caderno 6
Nona página do caderno 6

Salvaguardado 59 anos de legado e registrado uma parte dos 30 anos de vida, o site sintetiza o porquê Chico Science foi um dos grandes nomes da revolução sonora que aconteceu no Estado, bem como o motivo dos efeitos do multiartista ainda serem sentidos nas produções artísticas atuais.


O mergulho pelas páginas dos cadernos permite uma imersão pelas divagações e inovações de um Chico Science talvez não visto antes. Para quem tiver interesse em celebrar os 59 anos do transformador musical de outro modo, uma sugestão é conhecer mais das experimentações do poeta da música disponibilizadas no acervo, atualizado a cada três meses, que pode ser acessado em: acervochicoscience.com.br.



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