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Com reverência ao Manguebeat, Leliz, Laeü e Farias reforçam o rap recifense em “081 FREESTYLE”

Com letra que faz referências a grandes nomes do rap nacional e com partes do Recife compondo o cenário do clipe, a produção "081 FREESTYLE" é a apresentação da Manguetown desvinculada dos estereótipos.


Reprodução/@emojinacara

Os soares da sanfona do início da melodia logo se dissipam para dar lugar ao beat que acompanhará a apresentação de um Recife que os rappers Leliz (@jovemleliz), Laeü (@l.a.e.u) e Farias (@farias.fw) assumiram a responsabilidade de mostrar. Para isso, utilizaram a música “081 FREESTYLE”, que ganhou um clipe já disponível no YouTube.


Em entrevista exclusiva para a Manguetown Revista, Farias, em nome de todos que participaram da produção, dividiu e detalhou as muitas camadas que envolvem o clipe e a letra de “081 FREESTYLE”.


“É necessário também falar do lado real da cidade que é o que a gente vive no cotidiano. Recife, cidade do mangue, vai muito além do que é retratada no mainstream. Somos também o maior pedaço desse povo que compõe a Manguetown”, iniciou Farias.


Na música, estão presentes referências diretas à “Da ponte pra cá”, de Racionais MCs, e à máxima “é o terror do lado A”, de Pajé IB. Os três intérpretes da composição reconhecem que, em meio às disparidades presentes na segunda capital mais desigual do país, o Recife não poderia apresentar uma única face, e a população da cidade pode até “estar no mesmo Estado, mas nunca no mesmo CEP”. Diante disso, escolheram apresentar o “lado” da cidade que é repleto de culturas e movimentos que crescem, resistem e possuem uma potência tão forte que, mesmo com o mainstream tentando abafar, ainda conseguem alcançar a parte de cima do palco.


Dessa vez, três rappers se autodenominaram a “reencarnação de Science com Mos Def” e decidiram aproveitar as particularidades entre si para dar a originalidade presente em “081 FREESTYLE”. Como Farias bem caracterizou, “a agressividade dos versos de Leliz, a versatilidade dos versos de Laeü e a musicalidade e a métrica de Farias”, unidas, foram uma das responsáveis por tornar o que a produção foi planejada para ser: uma das ferramentas para desvincular a imagem estereotipada que as produções do Nordeste costumam carregar e levar a cultura, principalmente a cultura hip-hop, que floresce em Recife a outro patamar.


É hora de fugir do clichê


“081 FREESTYLE” reforça: o Nordeste é muito mais que “chapéu de palha, cuscuz, seca e lampião”! Recife, em especial, sempre foi lar de importantes movimentos culturais, como o Manguebeat. No presente, não poderia ser diferente, a Manguetown continua sendo lar de grandes artistas, com destaque para os muitos que vêm dando nome à cena rap nacional. 


O Recife é cultura(L)!


A Rua da Aurora, a Rua da Moeda, um bar no Recife Antigo e uma das margens do Rio Capibaribe fazem parte da cidade onde “lama e sangue se misturam” e compõem parte do cenário do clipe de “081 FREESTYLE”. Eles decidiram mostrar que a Manguetown é, por si só, cultura(L). Em outras palavras, a cultura está intrínseca nas ruas, construções e diversas partes do Recife. 


Mais que arte e cultura, rap é educação!


“Somos a engrenagem principal, tudo gira conforme nossa força, educação liberta e é a arma mais poderosa para mudarmos o mundo. Queremos trazer consciência!”, reforçou.


MC Leozinho, Racionais MCs, Pajé IB, Don L e Mos Def são apenas alguns dos grandes artistas referenciados ao longo da canção. Eventos que, diante da segregação que a cena do rap experiencia atualmente, acontecem por todo o Recife com o intuito de fortalecer a comunidade de artistas do hip-hop/rap também são reverenciados. São exemplos citados por Farias a “Batalha na Várzea” (BNV) e eventos como o “Pão e Tinta”, que fazem bem esse trabalho de criar uma unidade para o gênero na capital.


Não somente por partirem do princípio de que, além de arte e de cultura, o rap é educação, Leliz, Laeü e Farias misturam a história da construção do Recife com as rimas da composição. Eles conseguiram isso por citarem figuras emblemáticas, como Chico Science, Lampião, Zumbi dos Palmares, além de referências ao sangue Tupi. O objetivo era fortalecer o sentimento de pertencimento do recifense que está ouvindo e, ainda, instigar a busca por mais compreensão acerca das raízes locais.

 

“(Nosso objetivo) é conscientizar nossos ouvintes e dar sentido para o que acreditamos e transformamos em música”, dividiu.


Quem pretendia escutar apenas mais uma composição independente acaba “golpeado” pelos “versos letais” de 081 FREESTYLE. Assim, para o público, só resta sentir o poder que o rap possui, e, com uma referência ao Manifesto do Manguebeat, injetar energia e estimular o que resta de fertilidade nas veias do Recife. 


“Nossa maior missão, e nisso nossa inspiração parte diretamente do movimento Manguebeat, é dar notoriedade para tantos artistas únicos da nossa Manguetown e resgatar a cultura hip-hop do Recife. Respiramos a cultura desse lugar e expiramos as letras que colocamos em nossas músicas”, encerrou.


O clipe de “081 FREESTYLE”, produzido pela BAZE (@bazemantra), um coletivo que tem como objetivo servir como base para artistas independentes lançarem as próprias composições. Com o intuito de fortalecer e  ajudar a cultura Hip-Hop e as vertentes, focando muito mais no artístico do que no comercial, está disponível no YouTube: 





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