'Enigma do Frevo': DJ Dolores apresenta novo álbum inspirado na tradição popular
- Maddu Lima
- há 5 dias
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Lançado em 11 de abril, o álbum tem 10 faixas que trazem uma fusão inovadora entre o frevo e outros ritmos
Helder Aragão de Melo, ou “DJ Dolores”, é músico, produtor e compositor, natural de Sergipe, conhecido na cena musical pernambucana pelas experimentações e misturas musicais. Ele também foi uma das grandes figuras do movimento MangueBeat.
Em seu novo álbum “Enigma do Frevo”, DJ Dolores mistura o tradicional frevo pernambucano com elementos contemporâneos da música eletrônica, criando uma verdadeira reinvenção sonora. A obra mantém o espírito do frevo, mas com outra textura e ritmo. Uma das características marcantes do trabalho é o "anti-rock", utilizando o estilo do frevo do início do século XX, sem violão, baixo e guitarra.
O álbum conta com 10 faixas, incluindo colaborações com artistas como Nêgo Freeza, Ylana, Caetana, Laís Senna, Jéssica Caitano, Jorge Riba e Leo D. Os instrumentistas que participaram do projeto são Uka Gameiro (bateria), Parrô Mello (saxofone), Getúlio Araújo (trompete), Néris (trombone), Yuri Queiroga (sintetizador e cavaquinho), Jefferson Souza (rabeca), Leo D (sintetizador) e Alex Santana (tuba).

O álbum “Enigma do Frevo” (2025)
A primeira faixa do álbum, “A Malta" com Nêgo Freeza, começa com uma mistura de tambores fortes e um groove eletrônico, trazendo a sensação de estar na rua, numa multidão, assim como nos blocos de carnaval. Negô Freeza complementa muito bem a música, rimando um verso que traz resistência. “A Malta” carrega uma base que transmite, ao mesmo tempo, a sensação de tradição e ruptura. É uma das faixas de destaque do álbum. “Das Ruas” com Ylana traz a delicadeza da artista e a celebra o movimento, as danças e a resistência.
Em “Amor Raparigo”, com Caetana, que canta com um brilho natural, o álbum sorri e traz um frevo envolvente e cheio de energia. Na quarta faixa do álbum, “Canção para Lia” com Laís Senna, a música carrega afeto, e é uma carta para Lia de Itamaracá. É um dos momentos mais íntimos do disco, onde a voz doce de Laís transmite de maneira forte a falta de casa e a felicidade de saber que temos para onde voltar.
Em “Foguetes”, o arranjo começa vibrante, e o timbre da voz de Jorge Riba, que participa de forma especial da canção, combina perfeitamente, trazendo intensidade. A música “Vassourinhas Revisitada” é um instrumental que faz uma revisitação respeitosa e ousada ao clássico frevo de Vassourinhas, como o título sugere, preservando o coração da melodia. É possível identificar a essência do frevo original, mas com uma nova roupagem, uma nova sensação. É como ver um velho conhecido sob uma nova luz: ainda é ele, mas também é outro. Sem dúvida, uma das músicas em destaque.
“Francis Drinks” traz um instrumental que transmite a sensação de felicidade, como dançar sem roteiro. A mistura entre o frevo e os ritmos de eletrônica é um deleite. “Espalha Brasa” com Jéssica Caitano é uma embolada com ritmo envolvente. A voz de Jéssica é deliciosa de ouvir e combina perfeitamente com o instrumental da música. Há uma combustão genial aqui, na qual é possível sentir mais a presença de ritmos contemporâneos, mas sem perder a essência do frevo, uma das minhas faixas favoritas do álbum.
“É frevo?”, com Leo D, traz a pergunta “é frevo ou não é?” propondo um convite ao ouvinte para refletir enquanto escuta o álbum: onde termina o frevo e começa o novo? Ouvindo o álbum, arrisco pensar que o frevo é justamente o constante movimento. Para finalizar, a última faixa do álbum, “Libélula” com Ylana, é um fechamento leve, cheio de vida, uma música suave que finaliza de forma poética.
O álbum conversa com o ouvinte e, nesse diálogo, diz que o frevo pode ser muitas coisas - e, de fato o é. DJ Dolores não tenta “salvar” o frevo; ele traz sua essência, sua beleza e seu tradicionalismo de maneira nova. A tradição é algo que pulsa, que cresce e se reinventa.
O álbum surgiu de um projeto investigativo que busca explorar e documentar as múltiplas facetas do frevo, apoiado pelo Itaú Cultural, que carrega o mesmo nome do álbum.
Desvende o “Enigma do Frevo”, já disponível em todas as plataformas digitais.
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