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Exposição “Conexões Viscerais” leva arte, coração gigante e pedido de reflexão à Caixa Cultural do Recife

Atualizado: 19 de ago.

Eliú Damasceno, que idealizou o projeto que inclui um coração gigante, contou em entrevista à Manguetown Revista sobre o processo de criação e simbolismo da obra

Exposição Conexões Viscerais, composta por um coração gigante, segue em exposição até 24 de agosto. - Foto: Brenda Alcântara/Divulgação
Exposição Conexões Viscerais, composta por um coração gigante, segue em exposição até 24 de agosto. - Foto: Brenda Alcântara/Divulgação

O coração é classificado cientificamente como um órgão muscular oco que fica responsável por bombear o sangue para todo o corpo. Simbolicamente, no entanto, o significado é muito mais abrangente e perpassa por diversas camadas sociais. Ele é visto como o ponto "central" de todas as coisas. O motivo pelo qual existe a bondade em cada ser, o sentido de existir, de literalmente bater e pulsar por alguém. Simboliza afeto, carinho, memória e resistência.


É nesse encontro de significados que nasce a exposição "Conexões Viscerais", que exibe nada mais nada menos do que um coração gigante, vibrante e pulsante em pleno Centro do Recife. A obra, assinada pelo artista Eliú Damasceno com curadoria das professoras Joana D’Arc Lima e Renata Wilner, está exibida na Caixa Cultural, no Marco Zero do Recife, até o próximo dia 24 de agosto, com visitação gratuita para o público.


Em entrevista à Manguetown Revista, o artista conversou um pouco sobre o processo de criação da obra, que, pouco a pouco, vai ganhando espaço na memória dos milhares de recifenses que passam dia após dia pelo Centro. Além da peça central, a exposição também conta com uma seleção de 24 fotografias do Coletivo Viscerais, formado por artistas estudantes de Artes Visuais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e outros profissionais que se uniram para criação da obra. 


A Caixa Cultural também ganhou uma nova roupagem, e exibe logo na fachada as vísceras que compõem o sistema circulatório e que agora envolvem o prédio a todo o momento. “Esta é a primeira exposição que ocupa a parte interna e externa do prédio da Caixa Cultural. Então quem vê de fora se sente um pouco atraído pela curiosidade. Aquelas veias, as cordas… as pessoas entram e entendem o significado daquilo”, pontuou Eliú.

Obra é a primeira a ocupar tanto a área interna, quanto externa da Caixa Cultural do Recife. - Foto: Brenda Alcântara/Divulgação
Obra é a primeira a ocupar tanto a área interna, quanto externa da Caixa Cultural do Recife. - Foto: Brenda Alcântara/Divulgação

Obra sustentável

A obra é construída com matéria-prima vinda da construção civil. Foram empregadas técnicas inspiradas no design digital e artes visuais. Já a escultura em si foi desenvolvida a partir de pesquisas em materiais, tonalidades e texturas que remetem às vísceras humanas.


Segundo o artista, a preocupação por construir uma obra sustentável vem do berço. O próprio pai, Marcos Alberto, também é artista e produz peças com itens recicláveis. A união entre as gerações foi o que inspirou Eliú a cursar Licenciatura em Artes Visuais no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco.


"Quando cheguei ao CAC, esperava encontrar vários trabalhos artísticos expostos, só que era um momento pós-pandêmico. Todo o espaço estava empoeirado, as cadeiras reviradas, com uma sensação meio mórbida", começou Eliú.


"Isso me tocou. Como trabalho com material reciclável, segui o mesmo princípio. Vemos a oportunidade em algo que as pessoas geralmente não dão valor para transformar e ressignificar aquilo", completou. 


Na época, ainda não existia a ideia de construir um coração gigante. Foi preciso passar por quatro períodos do curso, até chegar à cadeira de "Tridimensionalidade", para que Eliú começasse a, de fato, conceber a obra que, pouco a pouco, foi ganhando vida.


"O CAC é integrado por vários cursos, e senti falta de algo que integrasse essas pessoas. Fiz uma analogia do CAC com o corpo humano, pensando que cada curso seria um órgão específico. A pergunta que ficou foi 'o que pode interligar esses órgãos?'. Foi daí que veio a ideia de um sistema circulatório, que filtra, alimenta e dá vida a esses órgãos por meio de um coração", explicou.


É importante ressaltar também que a obra só pôde tomar forma e chegar ao Centro do Recife porque o coletivo conseguiu incentivo através da Bolsa de Incentivo à Criação Cultural (BICC/UFPE), entre 2023 e 2024.  Nascida de uma simples cadeira do curso de Artes Visuais, a obra de fato uniu não só estudantes do centro - onde a peça ficou exposta por cerca de um ano -, como também de toda a universidade. O "Coração Gigante" do CAC virou assunto, caiu na boca do povo, por assim dizer, e tocou no âmago de quem teve a oportunidade de ver a instalação.

Uma das peças da exposição mostra primeira instalação da obra, no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco. - Foto: Brenda Alcântara/Divulgação
Uma das peças da exposição mostra primeira instalação da obra, no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco. - Foto: Brenda Alcântara/Divulgação

Integração ao território

Essa mesma arte que toca, que causa angústia e gera desconforto, também nunca pode - e nem deve - ficar estática, parar no tempo. Coube ao coletivo, portanto, sonhar com coisas maiores. Integrar a exposição ao território em que nasceu, o Recife. Mais especificamente, o Centro do Recife.


"Pensamos em levar (a obra) para o Recife na poética de um transplante. Trazer a vida para aquele espaço. O Recife está morrendo? Não. Mas o Recife precisa estar mais integrado, com as relações cada vez mais fortes", disse.


"O Marco Zero é um ponto estratégico para a exibição porque ele é um ponto de confluência entre o Rio Capibaribe e o Atlântico, além de ser um ponto de encontro para pessoas que vêm de todo lugar do mundo visitar a cidade. Fizemos um transplante da Universidade Federal para a Caixa Cultural. Um coração para o Recife", afirmou.


Exposição Conexões Viscerais, exibida na Caixa CUltural do Recife. Foto: Brenda Alcântara/Divulgação
Exposição Conexões Viscerais, exibida na Caixa CUltural do Recife. Foto: Brenda Alcântara/Divulgação

Visita à obra

Conexões Viscerais 

Local: CAIXA Cultural Recife 

Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife/PE 

Abertura: 10 de julho de 2025, das 19h às 21h. 

Visitação: Até 24/08/25, de terça a sábado, das 10h às 20h, e domingos e feriados das 10h às 18h (última entrada 15 min antes de fechar) 

Informações: (81) 3425-1915 

Classificação indicativa: Livre 

Acesso gratuito 

Agendamento de grupos: (81) 3425-1906 

 

Horário de funcionamento da unidade: Terça-feira a Sábado, das 10h às 20h; 

Domingos e Feriados, das 10h às 18h (última entrada 15 min antes de fechar) 

Horário de funcionamento da bilheteria: Terça-feira a Sábado, das 10h às 20h; 

Domingos e Feriados, das 10h às 18h (última entrada 15 min antes de fechar)


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