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Foto do escritorLeandro Lopes

Lauro mostra sua grandiosidade e diversidade artística em "Araras, Leões e Capivaras"

Atualizado: 26 de nov.

Em entrevista exclusiva, cantor compartilha diversos detalhes sobre novo EP e seu futuro


Referências, cultura e muito amor (mas não o clichê) formam Lauro, um pernambucano que transforma as diversas artes do Estado em música. Com 23 anos, o cantor faz parte da nova geração da terra dos altos coqueiros. Ele já tem, inclusive,  diversos sucessos na sua jornada, como “Concha, Cálcio e Nácar”, “Amor Covarde” e “Escorpião”, que mostram um lado mais sentimental e romântico. 


Em 2024, iniciou uma nova fase, muito diferente do que apresentava em suas canções anteriores. Ainda abordando os mesmos temas, porém misturando os ritmos e a cultura pernambucana com a alegria do Carnaval, tudo isso se concretiza no EP “Araras, Leões e Capivaras”.


Foto: @eu.sounanda

Em entrevista exclusiva à Manguetown Revista, o artista compartilha detalhes sobre as músicas presentes no novo EP, que destacam a grandiosidade do Recife, Pernambuco e do Brasil. Além disso, descreve como iniciou sua trajetória, reflete, também sobre o mercado para artistas independentes e adianta informações sobre lançamentos futuros.


Lauro entendeu que a música era seu lugar


Natural do Recife, Lauro encontrou a vocação musical de forma inusitada e tardia, como tantos outros artistas. Mesmo sem influências diretas dentro de casa, ele descobriu, aos 17 anos, que seu propósito era transmitir sua arte através da música e das composições. A revelação aconteceu durante um congresso de uma instituição religiosa, para o qual ele só foi por insistência da ex-companheira.


“Certo dia, fui para um retiro e fiz amizade com um rapaz que tinha levado um violão. À noite, ele começou a tocar, e, aos poucos, as pessoas foram se juntando. De repente, havia umas 70 ou 80 pessoas cantando juntas. Foi um estalo, uma virada de chave. Ali percebi o poder que a música tem de unir e reunir as pessoas”, comenta.


Foto: @eu.sounanda

Antes de escrever e entender de fato que cantar era sua praia, foi sendo músico e nas cifras de “Janeiro a Janeiro” da canção de Roberta Campos com a participação de Nando Reis, que Lauro entendeu que “Não será passageiro", sua trajetória na arte. Com o tempo, ele se permitiu escrever sua própria música, inspirado por um momento pessoal. Estava prestes a completar um ano de namoro, um relacionamento que, hoje, já dura sete anos. Naquela época, ainda não havia composto canção alguma. Foi quando pensou: "Vou tentar fazer uma música". E foi assim que surgiu sua primeira composição, que o tocou profundamente.


A partir daí, algo mudou dentro dele. "Eu me senti agitado, inquieto. Algo dentro de mim dizia: 'Por que estou assim?'. E foi quando percebi que a composição deixou de ser apenas uma paixão, passou a ser uma necessidade. Eu precisava compor para me acalmar, para me tranquilizar e colocar as coisas para fora.", diz Lauro, com um sorriso de alegria por entender melhor essa necessidade de escrever.


Com muitas referências, Lauro entende que sua arte é profundamente influenciada pela cultura de Pernambuco, por outros estilos da MPB e diversos artistas da vanguarda brasileira. Além disso, ele se inspira no folk, um estilo musical originado de canções populares transmitidas oralmente ao longo do tempo. "Até hoje, tudo saiu de forma muito inconsciente, muito natural, muito espontâneo. Não foi algo pensado, tipo ‘vou misturar tal estilo com tal estilo’. Simplesmente aconteceu como tinha que ser", revela. Suas produções focam na voz e no violão, com a intenção de se conectar com o público de forma direta, assim como artistas como Rubel, que também têm essa pegada.


Lauro conta que, para ele, as músicas sempre surgiram de forma integrada. "Sempre fiz a melodia e a letra ao mesmo tempo, não tem muito essa coisa técnica. Tudo saiu junto, de maneira muito natural", explica.


Marco Zero é o ponto de partida para Lauro alcançar muito mais lugares


O cantor conta que está passando por um período de transição estilística, e, agora, com o lançamento do EP “Araras, Leões e Capivaras”, está buscando se profissionalizar cada vez mais. “Estou começando ainda mais estudar teoria musical, entender mais sobre gêneros e estilos. As coisas estão mudando, e estou aprendendo muito nesse processo”, afirma o cantor.


Fotos: @rayelleleal @eu.sounanda


Além disso, como artista independente, Lauro sabe que, além de se profissionalizar na música, também precisa entender de negócios, contatos, marketing e redes sociais. Com pouca ajuda, ele tem mostrado coragem para enfrentar desafios e mostrar para muitas pessoas que sua música precisa ecoar em diversos espaços. "Sendo bem sincero, o mercado não é fácil. Na verdade, é bem difícil. Se você não tiver com a cabeça em dia, é difícil de sustentar. Hoje, sou um artista totalmente independente. No máximo, quem me ajuda é minha namorada, Raiele. Nos encontramos lá atrás e ela acabou se tornando uma espécie de produtora. Ela tem o trabalho dela, é administradora, mas me ajuda muito em tudo que eu preciso, desde criação de conteúdo até produção de shows”, conta.


Lauro também faz parte de um selo que distribui suas músicas, mas ele cuida de praticamente toda a parte estética da sua carreira. "Eu sou quem faz todas as capas, as identidades visuais e até os clipes. Eu produzo praticamente tudo, com a ajuda do Flávio Ferrari, que tem sido fundamental. Foi ele quem me ajudou desde o começo, quando eu ainda não tinha nada lançado. Ele produziu músicas como 'Raiou' e 'Amo Covarde', e até hoje está ao meu lado", detalha o artista, com um olhar de gratidão.


"Quando comecei, tive que aprender a organizar shows, contratar iluminador, técnico de som, fornecedores de equipamentos, definir horários de montagem e saída, e até cuidar da divulgação e do tráfego pago. É um aprendizado diário. Hoje, existem muitos cursos sobre o mercado musical, mas nada substitui a prática. Só na prática você entende que o mercado não é tão bonito quanto parece", completa o artista.


Foto: @eu.sounanda

Todo esse esforço tem diversos motivos e, na conversa com a Manguetown Revista, Lauro compartilha um deles, que também é um sonho."Sempre me encantei quando piso no Marco Zero, no Carnaval, e olho para aquilo pensando: 'Esse é o meu objetivo máximo.' No dia em que eu tocar no Carnaval de Marco Zero, sei que alcancei o que sempre sonhei. As minhas músicas, o frevo e tudo o que envolve o nosso folclore pernambucano... É isso que me move a continuar também”, afirma.


Lauro fala de amor sem ser nada clichê, aliás, chame-o de tudo, menos de ….?


Com mais de 100 mil reproduções no Spotify, o EP "Araras, Leões e Capivaras" marca um momento significativo na carreira de Lauro, consolidando sua nova fase artística. Entre as canções que compõem o projeto, "Aurora" ocupa um lugar especial, já que é  uma homenagem ao Recife. Curiosamente, a criação começou com um propósito completamente diferente.



Lauro revelou que a inspiração para sua música surgiu durante um momento em Itamaracá ao lado da namorada. Inicialmente, o casal tentou compor sobre uma filha futura, chamada Aurora, mas Lauro encontrou dificuldade em expressar o tema. Então, ele decidiu homenagear Recife, utilizando a Rua da Aurora como símbolo central. “É incrível como, às vezes, as coisas só saem quando têm que sair”, concluiu.


Além de "Aurora", Lauro reforça sua homenagem a Pernambuco com a faixa "Pernambucana". O cantor compartilhou detalhes sobre a inspiração por trás da música. “Conversei com Juliano Holanda (cantor pernambucano), e, em uma das nossas conversas, ele disse: 'Meu irmão, a música pernambucana tem um negócio que não tem em nenhum outro lugar no mundo.' E é verdade. O maracatu, por exemplo, é o ritmo mais imponente que conheço. Aquela batucada, quando você a escuta em Olinda, no meio da ladeira, mesmo de longe, te chama. É como se fosse luz e você, um inseto", descreve Lauro, destacando a força magnética e singular do ritmo.



A inspiração para a faixa também veio de uma referência externa: a música "Baiana", de Emicida. “Nessa canção, ele personifica o estado da Bahia em uma mulher cheia de características marcantes. Pensei: 'Por que não criar algo semelhante para Pernambuco?'. Foi assim que surgiu 'Pernambucana', uma celebração ao estado e à força da nossa cultura", explica o cantor.


Na composição, o maracatu aparece de forma explícita e enérgica, algo cuidadosamente planejado. “Queria guardar o momento certo para trazer o maracatu de forma tão evidente. É uma música que fala do estado com orgulho e ressalta elementos essenciais da nossa identidade cultural”, conta.


Saindo da grandiosidade de Pernambuco e aterrissando no Brasil inteiro, Lauro nos apresenta "Não Me Chame de Amor", uma obra que mistura referências de artistas, culturas, músicas, estilos, comidas e lugares, provando que o amor pode ser mais do que uma rotina ou uma palavra desgastada. 


"Essa música me apresentou à cultura brasileira de um jeito que eu não esperava. Quando comecei a escrever, percebi o quanto amava a brasilidade. Inicialmente, a intenção era listar coisas que eu gostava, mas, ao longo do processo, ela se transformou numa celebração à nossa cultura", explica Lauro.



Lauro cita influências como Tarsila do Amaral e Nação Zumbi em sua canção, que evolui de temas leves para referências mais profundas. Insatisfeito com clichês sobre amor, buscou novas abordagens, culminando na música "Não Me Chame de Amor".


Lauro promete show totalmente diferente e canta álbum com feats para 2025


Com apresentação marcada para esta sexta-feira (29), Lauro irá estrear seu novo EP no Teatro Barreto Júnior, localizado na rua Estudante Jeremias Bastos, Pina, na Zona Sul do Recife, a partir das 20h. Os ingressos estão disponíveis no Sympla (CLIQUE AQUI) . O artista promete trazer uma performance completamente nova, diferente de tudo que seus fãs já viram nos shows anteriores e também terá a participação do cantor pernambucano Têu.




Além disso, ele revelou que está trabalhando em um álbum, que contará com participações especiais e deve ser lançado em 2025. "Posso dizer que pertenço, querendo ou não, a essa nova geração de artistas da música recifense. É uma responsabilidade absurda, especialmente quando pensamos nos artistas de Recife e de Pernambuco que têm contribuído tanto para o legado da música pernambucana. Fico muito feliz por tudo o que foi construído até aqui, tenho muito orgulho hoje e, acima de tudo, tento manter os pés no chão. Acho que essa é a grande diferença", afirma o cantor. 


Escute Lauro:



1 Comment


Beatriz
Beatriz
Nov 26

A música de Lauro é surreal ❤️

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