Um dos lugares mais populares e importantes do centro de Recife é a Praça do Sebo. Inaugurada em 1981, localizada no bairro de Santo Antônio, entre as avenidas Guararapes e Dantas Barretos, a Praça do Sebo se consagrou como um ambiente marcado pela cultura, arte e, claro, muita literatura. A praça possui 19 estandes que oferecem uma grande variedade de livros, além de diversos outros produtos, como revistas, discos de vinil e gibis.
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Com mais de 40 anos de história, a Praça do Sebo se consolidou como um dos principais pontos de compra, venda e troca de livros de toda a Região Metropolitana de Recife. O local atrai pessoas de diversas classes e idades, não apenas por conter preços mais acessíveis e edições antigas e raras de algumas obras, mas também por ser um local acolhedor e aconchegante ao público.
Com o esvaziamento do centro da cidade nos últimos anos, a praça foi um dos locais que foi afetado diretamente por desafios como a insegurança crescente e a falta de eventos no local. Cátia Sales, dona do sebo Recanto dos Alfarrabistas, trabalha na praça do sebo há 26 anos e explica: “Ainda tem público, mas falta divulgação e apoio do poder público para movimentar a praça com lançamentos de livros, recitais de poesia, coisas assim”. A comerciante também lamentou a insegurança no local: “Ninguém se sente seguro para vir no Centro. Antes, ficávamos abertos até às 18h, hoje, às 16h já está tudo fechado”.
A falta de estímulo do poder público também afeta o comércio da praça, que foi sendo esquecido e intensificou as questões estruturais do local. Projetos como Abril pro Livro, idealizado por Ana Carolina Cabral e mobilizado pelos livreiros da praça, buscaram incentivar a leitura e valorizar a Praça do Sebo por meio de atividades culturais, como recitais de poesia, apresentações musicais e rodas de diálogo. Esse ano ocorreu a 6ª edição do evento.
Durante a pandemia os comerciantes do local viveram momentos de angústia, tendo que ficar meses de portas fechadas e sem contato direto com os fregueses, diversos comerciantes tiveram que se adaptar ao trabalho de forma remota, começando a vender seus livros de maneira online. “A pandemia levou a gente a migrar pro online, porque não tinha público. [...] A gente vinha pra loja física para enviar os livros pelos correios e fechava mais cedo por conta da fiscalização”, relatou Cátia Sales sobre sua experiência durante a pandemia.
Para a maioria dos comerciantes locais, a internet é um dos principais fatores que levaram a queda do comércio de sebos na cidade. “Antes da internet, a procura era grande por livros, as pessoas que não podiam comprar livros novos, compravam usados. Quando surgiu a internet muitas pessoas deixaram de trabalhar com eles” comentou Ayrton, dono da loja AJ Livros. Apesar de não trabalhar na Praça do Sebo, o comerciante trabalha nos arredores do local e vive uma realidade muito próxima aos demais comerciantes.
Embora tenham vivido esses tempos de mudanças tecnológicas e de isolamento social, os comerciantes da praça fizeram da praça um símbolo de resistência e destacaram ainda mais a importância do local para a cultura e literatura pernambucana.
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Revitalizada em 2021 pela Prefeitura do Recife, a praça ainda sente a falta de incentivo contínuo por parte do poder público. Com pouca divulgação e reconhecimento, a Praça do Sebo, mesmo sem um status oficial, é considerada por muitos cidadãos recifenses como um valioso patrimônio histórico e cultural da cidade.
A Praça do Sebo se mantém firme no coração de Recife, resiste ao tempo e às mudanças do centro da cidade, rodeada por prédios antigos o clima de nostalgia é predominante na praça que é, de certo modo, viva. A preservação da Praça do Sebo é uma forma de resistência da literatura em Recife, ela demonstra como a cultura e a leitura tem capacidade de se manterem vivas no centro histórico da cidade apesar dos desafios cotidianos enfrentados pelo local.
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