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Repórteres da Manguetown Revista vencem Prêmio Jovem Jornalista com pauta sobre órfãos do feminicídio em Pernambuco

Trabalho jornalístico foca nas consequências do feminicídio para filhos das vítimas


Os repórteres e editores da Manguetown Revista Guilherme dos Santos, Letícia Barbosa e a colaboradora Laysa Vitória foram os vencedores da 17ª edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog. O trio foi premiado com a pauta “A cicatriz tem nome de mãe”, que vai investigar a vida de crianças e adolescentes que ficaram órfãos em decorrência do feminicídio em Pernambuco.


Em ordem Letícia Barbosa, Adriana Santana, Laysa Andrade e Guilherme dos Santos. Imagem: Reprodução/ Redes Sociais
Em ordem Letícia Barbosa, Adriana Santana, Laysa Andrade e Guilherme dos Santos. Imagem: Reprodução/ Redes Sociais

Com o apoio do Instituto, a equipe irá produzir um minidocumentário, que terá estreia marcada para o dia 8 de julho, em São Paulo. Esta é a segunda vez que o grupo conquista o prêmio, o que também representa a sexta vitória da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na premiação desde 2013. A orientação do trabalho é da professora Adriana Santana, que destacou a importância desse tipo de reconhecimento para o jornalismo feito na universidade.


“Esse prêmio é uma das poucas oportunidades reais para estudantes e professores exercitarem um jornalismo ético, comprometido com questões sociais urgentes. É emocionante ver jovens tão talentosos se dedicando a uma pauta como essa, que olha para vítimas que muitas vezes ficam invisíveis nos noticiários: os filhos das mulheres assassinadas”, comentou Adriana.


Para Letícia Barbosa, conquistar o Prêmio Jovem Jornalista é um reconhecimento importante da trajetória que vem construindo no jornalismo. “Ter a chance de produzir uma reportagem do início ao fim, com o incentivo e a mentoria do Instituto, é sempre uma experiência muito enriquecedora. É na prática que a gente aprende, enfrenta os desafios e vai descobrindo nossa identidade como comunicadores. E o contato com profissionais experientes — cinegrafistas, editores, jornalistas — torna tudo ainda mais valioso”, afirma.


A pauta surgiu de conversas entre os repórteres sobre o impacto que o feminicídio provoca para além da vítima direta. “A gente entendeu que era preciso falar não só da violência em si, mas de como ela afeta profundamente quem fica. Crianças que testemunham ou convivem com essa violência carregam marcas para o resto da vida”, explica Guilherme dos Santos.


Segundo ele, o grupo também quer entender como o Estado atua — ou deixa de atuar — diante desses casos. “É uma realidade que exige políticas públicas de apoio, e a gente pretende investigar isso também”, completou.


Para Laysa Vitória, o maior desafio agora é dar conta de todo o processo de apuração e produção da reportagem, que precisa ser concluída em dois meses. “Estamos correndo com as pesquisas, entrevistas, gravações... Mas, acima de tudo, o que mais exige da gente é o cuidado com as pessoas. Vamos lidar com menores de idade, com histórias muito delicadas. É essencial ter empatia e responsabilidade ética para não revitimizar quem já passou por tanto”, afirma.


Ela também destaca a importância de tratar o feminicídio como uma questão pública. “Quando uma mulher é morta por ser mulher, não é só a família dela que perde. É toda a sociedade que precisa encarar esse problema. E, quando mais de 1.400 mulheres morreram só em 2023 por isso, a gente não pode mais fingir que é um caso isolado”, defende.

A reportagem, segundo os autores, deve mostrar que a violência deixa marcas duradouras — e que é preciso falar também sobre os filhos que ficam. Crianças e adolescentes que, além de perderem as mães, muitas vezes também veem os pais — autores do crime — serem presos ou mortos. Uma geração marcada por traumas que ainda recebe pouca atenção do poder público.


O grupo também faz parte do Coletivo Caburé, que nasce em consonância com a Manguetown Revista, mas com foco em pautas ambientais, sociais, identitárias e investigativas. Com base na crença no poder da comunicação para transformar realidades, o coletivo desenvolve um jornalismo que dá voz a vivências muitas vezes invisibilizadas e contribui para a humanização dessas pautas.


Assista a “Órfãos do Mangue”, primeiro projeto vencedor da equipe:




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