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Xéu Kelaino lança clipe sobre fé e reconstrução em Igarassu com participação do pai

Gravado no Sítio Histórico e em áreas rurais da cidade, “Mil Castelos e uma Canção” mistura rap, espiritualidade e memória afetiva para contar uma história de reconexão, identidade negra e cura familiar


Xéu Kelaino ao lado de seu pai no clipe  Mil Castelos e uma Canção - Okoye Ribeiro/ Divulgação
Xéu Kelaino ao lado de seu pai no clipe Mil Castelos e uma Canção - Okoye Ribeiro/ Divulgação

O rapper e batuqueiro Xéu Kelaino lançou no dia 30 de maio o videoclipe “Mil Castelos e uma Canção", um trabalho carregado de espiritualidade, ancestralidade e força poética. Gravado em sua cidade natal, Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, o clipe é um retrato sensível e potente sobre reconciliação familiar, luta antirracista e afirmação periférica, e traz como destaque a atuação conjunta com seu pai, José Paulino, conhecido como seu Zé.


De origem periférica, Xéu transforma uma história pessoal em rap, poesia e composição própria, compartilhando uma mensagem sobre fé e reconstrução da vida. O clipe narra enfrentamentos reais vividos por ele, como o alcoolismo paterno, e discute também o reconhecimento da espiritualidade e da identidade racial, enquanto homem negro da periferia.


“Represento um personagem em estado de desorientação que embarca numa jornada de consciência e reencontro, guiado por presenças espirituais que mostram a minha própria realidade e a do meu pai”, explica o rapper.


Filmado em Igarassu, com raízes no território


Xéu Kelaino durante o clipe - Okoye Ribeiro/ Divulgação
Xéu Kelaino durante o clipe - Okoye Ribeiro/ Divulgação

As cenas do clipe ocorrem no Sítio dos Marcos e Sítio Histórico de Igarassu, trazendo tanto o contexto da cidade e sobretudo o rural, a partir da mata e do mangue, do respeito à ancestralidade e à natureza. Como memória da cidade, ele empodera locais históricos, fortalecendo a luta contra o racismo e a decolonialidade, assim como o pertencimento.


“O clipe valoriza o território a partir da perspectiva decolonial e de imagens com poética, cenografia, figurino, acervo e todo um apoio logístico, além de uma realização também de uma equipe negra da cultura periférica em sua maioria e contracolonial”, destaca o pernambucano.


Rima como ferramenta de cura


Os versos de “Mil Castelos e uma Canção” carregam um lirismo confessional. Logo no início, Xéu evoca a fé como escudo diante da dureza da vida:


“Fé... Mais um louco nesse mundão, outros falam: é o peste ou não?! / É os corre, nego… Só, só, só... Fé… Pros reais, oportunidade, mais um canto de liberdade”.

A música ganha força quando toca nos afetos familiares. Em um dos trechos mais marcantes, o rapper canta:


“Não sei muito falar sobre amor, mas eu sei que minha mãe se preocupa comigo, sei que meu pai sempre me apoiou, e eu o acolho na luta contra o alcoolismo”.

Além de rapper, Xéu também atua como armador na construção civil e estuda Edificações no IFPE (Instituto Federal de Pernambuco). Ele canta sobre a correria do dia a dia para sobreviver e ao mesmo tempo conquistar conhecimentos: 


“Longe de casa eu me sinto só/desde bem novo a mola é construção/mais um ferreiro em busca do melhor/debaixo de Sol quente tem que ser leão/com os leões, e as canções, no meu peito/ eu carrego comigo/falo pro meu irmão que valeu me ensinar/hoje eu sou um ferreiro que eles dão ouvido”.

Cultura popular, maracatu e Hip Hop


O videoclipe já está disponível nas plataformas digitais e marca uma nova fase na carreira de Xéu, agora em carreira solo, após diversos trabalhos com o grupo Sujistência SJTA. A direção do videoclipe é assinada por Mateus Bernardo, que também realiza a direção de fotografia e a edição. Já a direção de produção e a direção executiva são assumidas por Jéssica Jansen, enquanto o roteiro do clipe é do próprio artista, com a arte da capa feita por Bárbara Vitória, mais conhecida como Babi, e a fotografia da autoria de Okoye Ribeiro.


As vivências do artista na cultura popular e no Hip Hip potencializam sua crença ancestral. Ele reúne conhecimentos como batuqueiro do Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu e brincante do Boi Maracá de Igarassu. Em rodas de rima como MC, lançou seus primeiros versos e improvisos no ano de 2014. Uma das suas autorais é “Cada cabeça um universo, cada satélite uma lua, cada freestyle numa roda de rima emana mais luz para o escuro da rua”.


“Quando começamos a rimar ainda não tinha batalha de rima em Igarassu. A gente se reunia numa roda para lançar as ideias. A galera do coco também acompanhava o pessoal rimando e chamava para fazer um som durante as sambadas”, declara.


A partir de então, produziu músicas que falam da realidade como homem negro, da periferia na Região Metropolitana do Recife. Xéu conquistou espaço na cena autoral com o grupo Sujistência SJTA, de Igarassu, composto também pelos artistas Apollo e Crexpo.


Pelo SJTA tem lançado coletivamente diversas obras musicais nas plataformas digitais: “Ferro” (2023 - álbum); duplo single “Dialeto” e “Grão do Deserto” do  “Matriz Periférica” (2021); as faixas ”Camisa do Chelsea” (2021), “Herói de Preto” (2020), “Prece” (2020), “Só Ficou Quem Ficou” (2020); “Lança Primórdios” (2019); “Energia” (2019), “Das Ruas do Lotia” (2018). No audiovisual, um clipe pelo projeto solo Dialeto/Grão do Deserto (2019).



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