Banda Geração Mangue completa 29 anos de música, história e identidade
- Maddu Lima
- 22 de jun.
- 4 min de leitura
Fundada em 1996, na comunidade do Alto do Pascoal, a banda carrega resistência e uma pluralidade de ritmos desde de sua origem.
Em entrevista exclusiva, a Manguetown Revista conversou com Segundinho Spider, idealizador, vocalista e guitarrista da Geração Mangue, que está completando 29 anos de música, história e identidade na cena cultural pernambucana.
“No início, não tínhamos apoio de quase ninguém, inclusive da nossa própria família, por estar fazendo um ritmo totalmente contrário ao que se fazia e se escutava popularmente nas periferias” conta Segundinho Spider.

A banda é composta por quatro integrantes: Wagner Santos na guitarra, Nildo Gaspar no contrabaixo, André Silva na bateria e Segundinho Spider no vocal e na guitarra. A Geração Mangue surgiu em março de 1996, no bairro do Alto do Pascoal, Zona Norte do Recife. Sem instrumentos apropriados e sem os equipamentos necessários, a banda nasceu no quintal de Genivaldo Gaspar, ou como é conhecido, Segundinho Spider.
“O início foi muito complicado, e, ao mesmo tempo, muito adorável. Complicado porque não tínhamos nada, e, muitas vezes, inventávamos instrumentos que ofereciam sonoridades parecidas, como, por exemplo, surdos e fuzileiros de bandas marciais das quais fazíamos parte. Usávamos como se fossem alfaia, que não tínhamos, além de captadores produzidos segurados por chicletes total loucura” relembra Segundinho Spider.
Rockmangue
Criada na década de 1990, a Geração Mangue carrega uma forte influência de artistas e bandas daquele período. Em Pernambuco, as influências foram do Recife e dos circuitos de festivais que passavam pelo estado, como Chico Science e Nação Zumb. Já no cenário nacional, se inspiravam em Planet hemp, Sepultura, Sabotage, Charlie Brown Jr No âmbito internacional, as referências foram Dire Straits, Nirvana, The Smiths, Afrika Bambaataa, James Brown, Michael Jackson, entre outros nomes.
“Foi primordial para criarmos nossa identidade lá atrás, sempre pensando em um trabalho bem futurista como era as bandas daquela época.” conta Spider.
Com um estilo próprio, desenvolvido ao longo dos anos a partir dessas influências e experimentações sonoras, a banda consolidou um gênero que batizou de “Rockmangue”.
“Como o próprio nome diz, é uma mistura do rock com o manguebeat aliados a uma visão ampla e abrangente que contempla estilos como funk americano, groove, e também traz em sua sonoridade traços marcantes dos ritmos culturais pernambucanos”, afirma.
Trajetória
Mesmo com todas as dificuldades, a banda lançou sua primeira demo em 1997, intitulada “O Silêncio me Incomoda”. O lançamento aconteceu no antigo Clube Jovem, no bairro do Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife, ao lado de outras bandas do Alto José do Pinho. Tudo feito de forma independente, artesanal, mas com muito profissionalismo.

A banda seguiu carreira com participações importantes e dividiu palco com grandes nomes do cenário nacional, como Devotos, Chão e Chinelo e Nação Zumbi, em eventos como o projeto “Acorda Povo”, na Bomba do Hemetério. Em 1999, participou do Festival Roncador, na Chapada Diamantina, ao lado de Érika Martins, da banda Penélope.
Em 2018 lançou o EP físico, intitulado como Atitude, gravado ao vivo no projeto “Terça Negra”. O trabalho foi vendido em lojas do Recife, indicado para o 10º Prêmio da música de Pernambuco, e marcou um momento importante na trajetória do grupo.
Entre 2019 e 2020, a banda lançou seu primeiro álbum oficial, nomeado de Guerreiro, pela gravadora Starfleet Music. O disco apresenta uma fusão de diversos ritmos, que carrega toda a personalidade da banda. Está disponível em todas as plataformas de streaming.
Em 2023, a banda estreou o documentário “Geração Mangue - O Doc” dirigido pelo ator e roteirista Carlos Amorim. O filme conta sobre as principais passagens da trajetória da banda e foi exibido em festivais e mostras de filmes em cineclubes.
“É para nós algo muito emocionante, não sabemos se por ser o primeiro, mas o fato de contar um pouco da nossa história de uma forma tão brilhante tornou-se meio que um momento de felicidade”, conta Segundinho Spider.
O lançamento mais recente da banda é o single “A corda”, de 2024, que aborda a dependência química de forma muito realista. A letra traz a perspectiva do dependente diante da sociedade, lidando com a hostilidade e o preconceito.
“A corda tem dois significados: o primeiro, ‘a corda’, é de acordar para a vida e sair dessa. E a corda de se enforcar cada vez mais dentro de lama invisível, que cada vez mais afunda o ser humano” revela Segundinho Spider.
Atualmente, a banda segue firme construindo sua trajetória, com novas perspectivas para o futuro. Um novo álbum está previsto ainda para este ano, além de amostras do documentário em vários lugares para que as pessoas possam conhecer a história da Geração Mangue. A banda segue não apenas como um projeto musical, mas como um símbolo de resistência, identidade cultural, musicalidade e pertencimento na cena musical e cultural de Pernambuco.
Conheça a Geração Mangue:
Quem faz a Geração Mangue:
Wagner santos (Guitarra): @wagnerlupofan
Nildo Gaspar (Contrabaixo): @givanildo_gaspar
André Silva (Bateria): @andre.vs33
Segundinho Spider (Voz e guitarra): @segundinho_spider
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