Canções da artista falam sobre amor, resistência e a força da mulher preta, nordestina e LGBTQIA+
Em entrevista exclusiva, a Manguetown Revista conversou com a cantora Blera Alves, uma jovem cantora e compositora que canta sobre vivências, relações e experiências.
Ligada à música desde cedo, teve como base a igreja, mas sempre soube que queria trilhar o caminho da música. Após sair do ambiente religioso, se dedicou a estudar e escrever canções, construindo uma trajetória que reflete sua autenticidade e conexão com as próprias raízes.
“Eu sempre quis fazer música, né? Só não sabia como, mas sempre escrevia, sempre me dedicava a isso.” conta Blera.
A artista
Mesmo sempre conectada com a música, a construção de Blera, como é vista hoje, não aconteceu de forma imediata. Inicialmente, a cantora não gostava e tampouco entendia a ideia e significado de ser artista. Por isso, a jornada para se encontrar com a Blera foi demorada.
“Eu tinha uma aversão ao ser artista, mas quando você vai se reconhecendo, você vai se conhecendo, você vai amadurecendo as suas ideias, você percebe que é posicionamento, ser artista e transmitir uma mensagem e comunicar aquilo que você sente para as pessoas de uma forma transparente e foi assim que Blera nasceu” conta a cantora.
Blera emerge deixando uma timidez de lado e assumindo uma postura poderosa no palco, cantando, fazendo arte, música e inspirando, de maneira completamente autêntica, de um “jeito Blera”.
As inspirações na construção da artista, inclusive, são plurais. A cantora traz nomes pernambucanos como Juliano Holanda (guitarrista do projeto), Odailta Alves e Chico Science, mas também abrange referências nacionais e internacionais como Elza Soares, Negra Lee, Adele e muitos outros nomes.
“Tem tanta gente que eu me inspiro que é muito difícil falar assim, mas acho que o que me move a fazer música, é querer chegar um pouquinho perto dessas pessoas que eu admiro, sabe? Isso me motiva a continuar fazendo música. É ser lembrada de uma forma positiva como essas pessoas são e foram”, conta.
Assim como suas referências, Blera explora ritmos diversos no seu processo de fazer música, sem se prender a uma caixa ou padrão musical. A artista dialoga com ritmos como forró, brega e até uma ciranda, ela conta que gosta de ritmos e não se rotula musicalmente.
“Pego minhas influências do soul, do frevo, do brega, do maracatu, da mpb e coloco tudo num pacote só” explica a cantora.
Projeto BLERA
Dentro de um cenário nada favorável para artistas independentes, que é a realidade atual da cultura pernambucana, lançar um álbum visual e autêntico que aborda as vivências de uma mulher preta, LBGTQIA+ e nordestina é um desafio. Para Blera, no entanto, essa barreira já deixou de ser um desafio, e sim uma motivação
“Sabe, quando você não tá mais se importando com o que o cenário tá esperando de você? Você só tá fazendo. Eu acho que essa é a minha bolha furada. Não to mais preocupada com o que o mercado vai achar ou não vai. Eu quero fazer o meu trabalho” afirma Blera.
Com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE) a cantora mergulhou de cabeça, gestou e deu a luz a esse projeto. Para ela, sua realização não seria possível sem esse suporte do estado à toda a trajetória. Para Blera, a produção e finalização são traduzidas em um sentimento: o de “gratidão”.
“Eu tinha a sensação que tinha que sair de Pernambuco para ser vista, reconhecida, aí chega o Funcultura para dizer que não, que eu vou ser vista aqui, foi a primeira vez que eu vi Recife me ver” conta Blera.
O álbum visual, intitulado BLERA, reúne cinco músicas: “Longínqua”; “Surreal”; “Um dia voarei”; “Fique sabendo”; e “Eu, tu e o Recife”. As canções falam de vivências pessoais, da relação da artista com o território, e das relações plurais indo contra a ideia que muitas vezes é imposta de que mulheres pretas não merecem ou não podem amar.
“Eu até brinco que eu não escolhi as músicas certas, porém depois que a construção aconteceu, eu percebi que sim, eram aquelas canções que precisavam ser transmitidas para o público”, conta Blera.
A faixa “Fique sabendo” é um feat com a cantora argentina Sol Margueliche, e retrata uma despedida, mas não uma despedida romântica. Blera fez essa canção para o seu pai e para esse amor paterno não correspondido.
O álbum visa inspirar e ser um espelho para outras mulheres que compartilham suas vivências. “Quero que mulheres pretas, nordestinas, periféricas e LGBTQIA+ se reconheçam em mim e saibam que é possível. É possível ser, fazer, crescer. É possível tudo”, projeta.
Blera é autenticidade, é energia e transmite essa mensagem através de suas músicas, “Eu quero que faça sentido para as pessoas. Que as pessoas ouçam e digam: como é bom ouvir Blera.” finaliza a cantora.
Ouça BLERA em todas as plataformas digitais
Siga a artista:@bleraalves
Quem faz o projeto:
Direção Geral: @valenca_eric
Direção Musical: @bleraalves
Produção: @evve_producoes
Assessoria: @lucia_marias
Sonoplastia: @_pedrobettin
Captação Sonora: @secreto_estudio
Iluminação: @lucianaraposoluz
Fotografia: @kelven_gc
2 Fotografia: @anamaueprodutora
Edição: @krfoto23
Figurinista: @epriu.brecho
Maquiadora: @aninhasoaresssss
Designer: @joniel
Produção executiva: @danypaula4
Músicos
Voz: @bleraalves
Baixo: @glaucyaraujo_
Bateria: @miguelbcs_
Guitarra: @julianoholanda
2 Guitarra: @giba_gt
Percussão: @base.sonora
2 Percussão: @carolpretaflor
Flauta Transversal: @forllanforllan
Tuba: @alexs2511
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