As performances em dupla de ‘NONADA’ e ‘De mim, corro bamba’ trazem reflexões sobre identidades negras e outros temas

A Companhia de Teatro Negro MACACADA fará apresentações gratuitas, no Museu de Artes Afro-Brasil (Muafro), no bairro do Recife, das performances de “NONADA” e “De mim, corro bamba”. As apresentações acontecem nos dias sete e oito de fevereiro (sábado e domingo), das 19h às 22h.
Os interessados devem retirar os ingressos diretamente na bilheteira do museu, a partir das 18h. No dia 8 de fevereiro, o evento contará com intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras). As performances possuem duração entre 30 a 45 minutos e têm classificação etária de 16 anos para ‘NONADA’ e 14 anos para ‘De mim, corro bamba’.
Com direção e concepção dos artistas Luiz Apolinário, Roby Nascimento e Ruibeni Sales, ambas as performances exploram universos distintos, mas que se complementam no olhar para as identidades negras. O projeto é uma realização da Cia de Teatro Negro Macacada com a produção do GRAVE, e conta com o incentivo do SIC, o Sistema de Incentivo À Cultura da Prefeitura do Recife.
Entrevista com Luiz Apolinário
Em entrevista à Manguetown Revista, Luiz Apolinário, curador e um dos diretores das performances que serão apresentadas, contou como foi o processo de criação das performances, no ano de 2022, e o que “NONADA” e “De mim, corro bamba” significam para o grupo:
“Tudo veio de um processo de pesquisa prática e teórica, para desenvolvermos a poética e o ‘fazer teatro’ da Cia MACACADA. Hoje, nós já conseguimos aprofundar mais esses estudos, mas as performances continuam refletindo o início da nossa jornada. Isso nos deixa muito felizes porque, para além de gostarmos como produto artístico, essas apresentações são para nós um registro histórico do nosso desenvolvimento”.
No ano de 2024, as performances foram finalmente estreadas para o público. Mas, sobre voltar aos palcos em 2025, o dramaturgo confessa que existe uma insegurança, mas no bom sentido da palavra:
“Agora nós voltamos aos palcos um pouco mais seguros, mas ainda sim, repletos de insegurança. Nós acreditamos que a arte da performance e do teatro traz essa insegurança gostosa de se sentir, essa sensação de que [o fazer teatro] nunca se repete”.
Os planos para a temporada de 2025 da Cia. de Teatro Negro MACACADA também devem seguir para outros espaços museológicos do Recife. Apolinário explicou como cada lugar ocupado pela companhia deve ser aproveitado:
“A expectativa é de continuarmos entendendo como ocupar esses espaços, adaptar as performances nos circuitos, e se desafiar para cada novo espaço proposto. Por exemplo, no Muafro, um espaço que nunca nos apresentamos, tem escadas incríveis que com certeza serão usadas para desenvolver e construir as performances. Nós pretendemos valorizar todos os espaços que passarmos, sejam novamente ou pela primeira vez.”
Os repórteres Emanuel ‘Manu’ Gomes e Letícia Barbosa puderam vivenciar a experiência de ambas as performances, no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam), em 2024. Confira, abaixo, uma breve sinopse das performances sem spoilers (e sem estragar a sua experiência).
Sinopse - NONADA

Com direção e dramaturgia de Luiz Apolinário, conhecemos dois jovens atores, Juan Falik e Sérgio Black, que representam, completamente nus, os limites do ser e do corpo, mergulhando em temas como medo, dependência emocional, fome e fúria.
É uma performance, sem sombras de dúvidas, impactante para todos que a assistem. Vale muito a pena refletir sobre a jornada do ser humano primitivo até a modernidade. E o contexto racial deixa tudo ainda mais significativo e emblemático.
Todos na sessão, que estavam sendo conduzidos pelos atores e produção pelos espaços do Mamam, ficaram no mais absoluto silêncio e desconforto (mas em bom sentido).
Sinopse - De mim, corro bamba

Com a direção de Nascimento e Sales, esta performance propõe um olhar sobre o corpo negro e sua relação com oespaço ao seu reder, por meio de gestos, expressões faciais e maneiras de se impor naquele lugar.
Os atores Roby Nascimento e Ruibeni Sales se rivalizam na performance, demonstrando medo, angústia e raiva. Todos os espectadores ficaram com um nó na garganta de aflição.
O cenário e elementos da performance podem parecer simples a primeira vista, mas inflamam a busca, luta e ocupação de territórios pelos corpos negros. É simplesmente desesperador (mais uma vez, em um bom sentido).
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