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Entre a memória e o imaginário: orbite no universo particular dos quadrinhos autorais de Júpiter

Em entrevista exclusiva, a Manguetown Revista adentrou a atmosfera particular do quadrinista e multiartista Júpiter para entender até onde a escrita unida aos elementos visuais do mundo dos quadrinhos é capaz de alcançar.


O quadrinista Júpiter está em pé do lado esquerdo ao lado de algumas produções autorais impressas do lado direito
Júpiter expondo produções autorais na segunda Feira Cria! que aconteceu em Recife no ano de 2024. Imagem 1: Reprodução/@joaoasoliveira
“Se tem uma visão limitada do que são histórias em quadrinhos. mas o quadrinho em si pode ser de mil formas”, defende Júpiter.

Seja por meio de um caubói despretensioso que encara demônios e escapa da morte mais de uma vez, ou por um manifesto que traduz 20 anos de crise e euforia de gênero e identidade em algumas páginas, Júpiter é capaz de mostrar as muitas facetas que as histórias em quadrinhos conseguem expressar.


Da mesma maneira que o gigante gasoso não passa despercebido no céu, com as obras “Bolinho de Amora” (2021) - feita em colaboração com a também quadrinista Ana de Queiroz - “Birdie Lou: o cowboy que não sabia morrer” (2024) e “Manifesto de uma Lésbica de 20 Anos” (2024), Júpiter têm alcançado diferentes públicos e ocupado um lugar de reconhecimento no universo das HQs pernambucanas e nacionais.



“Sempre foi um misticismo para mim essa coisa de quadrinhos. A gente só vê o trabalho finalizado, pouco se vê o trabalho que deu para fazer”, compartilhou. Atraído pelo mundo, até então, misterioso das HQs, Júpiter encontrou nos traços espalhados e coloridos (ou não) pelas páginas de um quadrinho a forma perfeita de dar vida às próprias histórias.


Para o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, comemorado em 30 de janeiro, a Manguetown Revista adentrou a atmosfera particular de Júpiter para entender como unir os elementos prosaicos aos visuais tem transformado, desde 2021, as histórias do quadrinista e multiartista pernambucano.


O universo online e a democratização dos quadrinhos 


Em meio às barreiras da impressão e da editoração, as HQs online, também conhecidas como webcomics, têm fortalecido carreiras e aberto portas para novos quadrinistas. Para Júpiter não foi diferente. O multiartista fez dos perfis nas redes sociais o próprio universo, chamou de “Júpiterverso” e segue atraindo mais e mais pessoas para orbitar o campo gravitacional dos quadrinhos autorais. 


As plataformas de webcomics e os carrosséis do Instagram dão o espaço para Júpiter explorar a poética como quadrinista e a liberdade criativa para desenvolver, por exemplo, um caubói que faz acordos secretos com um demônio audacioso para despistar a morte ou a euforia de se entender, finalmente, como lésbica não-binárie, afastando o enredo das narrativas trágicas associadas à experiências transgêneras.


Dessa autonomia, parte de Júpiter a decisão de nichar públicos, com a ficção, ou ampliar discussões, com a autobiografia mesclada à autoficção. Afinal: 


“Você contando a história que você quer contar já fica do tamanho que tem que ser, independente de ter uma super mensagem ou não”, afirmou.

“A troca com o público é o que faz valer a pena”


Apesar de facilitado pela internet, a relação quadrinista-leitor toma outras proporções quando rompe os limites da tela de um celular, por exemplo. Na 12ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos (FiQ!), que aconteceu em 2024 no Estado de Minas Gerais, Júpiter comprovou a empolgação singular de assistir de perto o público folhear as páginas  impressas, pela primeira vez, da HQ “Birdie Lou”.


Em escala nacional, quadrinhos autorais e independentes contam com plataformas de financiamento coletivo, como a Catarse, que já apoiou mais de 2000 projetos de HQs desde a fundação, em 2011. Além disso, a categoria para HQs do Prêmio Jabuti, principal reconhecimento literário do Brasil, dá destaque à cena de quadrinhos brasileira desde 1959. 


Sem contar os grandes eventos de quadrinhos por todo o Brasil, como o FiQ! em Belo Horizonte, a Pop Con em São Paulo, a Bienal de Quadrinhos em Curitiba, até mesmo a Semana de Quadrinhos em Manaus, que dão a chance para o quadrinistas se colocarem fisicamente no radar dos olhos de quem lê e valoriza.


Em Pernambuco, grandes quadrinistas como Roberta Cirne (@sombrasdorecife), dona de um portfólio que mistura pautas feministas com histórias de terror; Bennê Oliveira, mais conhecida como Levemente Insana (@leve.mente.insana), dona de marcantes construções narrativas; e o próprio Júpiter; trabalham, enquanto se veem, muitas vezes, sub-representados, para fortalecer a cena e torná-la mais convidativa.


“Só vamos conseguir esses eventos quando nos juntarmos e reivindicarmos isso”, relembra.

Para este Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, Júpiter fala pelos quadrinistas e reforça a necessidade de haver, também em terras pernambucanas, maiores incentivos e financiamentos, além de eventos com enfoque nos quadrinhos e que unam os produtores e articulem o público leitor.


Orbite na gravidade do Júpiterverso


Como o campo magnético repleto de satélites naturais do planeta Júpiter, a mente do quadrinista está repleta de projetos futuros para encabeçar. Uma fantasia urbana com fantasmas, um universo de vampiros e vários outros projetos podem ser esperados pelo público e compõem um futuro inteiro como quadrinista que Júpiter ainda tem e espera explorar.  


Enquanto Júpiter articula a impressão do “Manifesto de Uma Lésbica de 20 Anos”, a história do caubói “charmoso e engraçadinho”, como descreveu o quadrinista, pode ser adquirida de forma física pela loja online jupistore.lojavirtualnuvem.com.br/ que também está repleta de outros projetos autorais do quadrinista que também é multiartista.


Leia “Birdie Lou: o cowboy que não sabia morrer” na íntegra, disponível no perfil do quadrinista na plataforma de webcomics intitulada “Tapas”: https://tapas.io/series/BirdieLou.





1 commentaire


magdiel
magdiel
30 janv.

MARAVILHOSOOOOOOOOOOOOO

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