Ibura também é Hip Hop: 16ª Mostra Pernambucana de Breaking cria imersão no universo das danças urbanas

Oficinas, campeonato de breaking, formação profissional e rodas de conversas preenchem a grade do evento Ginga Bboys e Bgirls

Edição anterior da Mostra Pernambucana de Breaking Ginga Bboys e Bgirls. Imagem: Reprodução/Ginga

De março a novembro de 2025, a Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Dom Sebastião Leme, conhecida por alguns como “Polivalente”, que fica localizada na UR-3, bairro do Ibura, recebe uma série de programações que compõem a 16ª Mostra Pernambucana de Breaking Ginga B.boys e B.girls, evento que dialoga diretamente com a cultura hip hop.

Em uma entrevista para a Manguetown Revista, o coordenador da Mostra, professor e sociólogo, Sérgio Ricardo, compartilhou como o evento promove o crescimento individual por meio da interação coletiva, bem como utiliza o caráter educativo das danças urbanas para expandir a visão hostil que algumas pessoas ainda enxergam a cultura hip hop.

Por acreditar que o hip hop, enquanto instrumento pedagógico de trabalho, pode contribuir para a elevação da consciência crítica da população, Sérgio organiza o Ginga. Nesse sentido, desde 2008, ano da primeira edição, o objetivo de apresentar aos mais jovens as múltiplas possibilidades do universo das danças urbanas e de elevar a autoestima de quem já trabalha na cadeia produtiva delas permanece o mesmo. 

Edição anterior da Mostra Pernambucana de Breaking Ginga Bboys e Bgirls. Imagem: Reprodução/Ginga

Uma vez que “enxerga a favela como potência e não como carência”, como bem definiu, espera, mais do que entreter, plantar a semente que faça o público da 16ª Ginga B.boys e B.girls repensar as próprias condutas para gerar transformações na local onde vivem e na comunidade que convivem.

Com o fortalecimento da autoestima dos artistas que passam a ver os resultados positivos de trabalhar com break e da capacidade autônoma de quem participar do curso ofertado, Sérgio almeja mostrar que a favela caminha, mas ainda tem muito trabalho a se fazer para, enfim, vencer.

“Como eu digo a todo mundo: o maior prêmio que você pode ganhar ao se envolver com a cultura hip hop é o fortalecimento da sua autoestima. Isso porque, muitas vezes, o problema não é ser pobre, é não ter autoestima para superar a pobreza”, defende.

Pela terceira vez o evento de dança urbana ocupa o Ibura com uma mobilização gratuita que faz dos moradores protagonistas ao mesmo tempo que os capacita e reacende a chama cultural do bairro. O público geral teve a oportunidade de se inscrever na batalha de breaking que está prevista para 4 e 5 de abril e ainda pode mostrar interesse nas oficinas de breaking e popping, que vão acontecer até agosto. 

Não somente, ainda estão abertas as inscrições para o curso de Elaboração, Gestão e Prestação de Contas de Projetos Culturais com aulas iniciadas em agosto de 2025 e fim estimado para novembro do mesmo ano. Sem contar as rodas de diálogos, exclusivas para os estudantes da rede estadual, que já estão com os três últimos encontros de datas marcadas para pautar questões étnicas, sociais e, principalmente, culturais. 

Por isso, a Manguetown Revista trouxe a programação completa e atualizada. Vem conferir!

Oficinas de danças urbanas - breaking e popping

Ministradas pelo membro da Soul da Favela Crew, Hugo Santos, conhecido como Bboy Checkmat; pelo integrante do Step Evolution Crew, dançarino e coreógrafo Diego Santos (DK); bem como pelo Arte educador, produtor cultural e integrante da Crew Fuck The Crowds e do Coletivo de Breaking Jaboatonense, Dayvid Denner (Bboy Foguinho), as oficinas vão continuar acontecendo todos os sábados,  das 14h às 16h.

Observação: as inscrições já foram formalmente encerradas, mas, para quem realmente quiser participar, basta entrar em contato com Sérgio pelo número (81)98828-6958 (WhatsApp), e demonstrar interesse.

Registro do primeiro dia da oficina de breaking. Imagem: Reprodução/Ginga

Campeonatos de breaking – batalhas

Aberto ao público, os dias 5 e 6 são de disputas! As batalhas de breaking vão se dividir em dois dias para dar lugar a duas categorias diferentes, 1x1, constituída por 32 participantes e 3x3, formada por 16 grupos/crews participantes.

Em um processo seletivo prévio, os Bboys e Bgirls da cena foram selecionados para se enfrentar em duelos no formato Seven to Smoke. A lista dos participantes está disponível nas redes sociais: 

Para elevar a energia do campeonato, o primeiro dia terá o fundador do espaço cultural Ladobeco, rapper, bboy e arte-educador, MC Okado do Canal, como mediador. Enquanto o line será comandado pelo set da DJ Renna, Já o júri pelo Diretor Geral da Recife City Breakers, Árbitro Nacional da CNDD e Diretor de Dança da Brigada Hip Hop/PE, Pacheco. 

O segundo dia não passa despercebido. O MC do evento será o Bboy Foguinho, o DJ Phino quem vai controlar as batidas e a Supreme Boyz Crew quem vai tomar a decisão de quem leva a final e os prêmios da vez, que se dividem em uma quantia em dinheiro, troféus e brindes para os três primeiros lugares.

Curso de elaboração, gestão e prestação de contas de projetos culturais

Com carga horária de 50h, a formação será dividida em uma etapa presencial aos sábados e outra online às quartas-feiras. Ao longo de quatro meses, as aulas que vão ser ministradas pelo professor Sérgio Ricardo, dos dias 30 de agosto a 26 de novembro, também são gratuitas. 

Para se inscrever, também é necessário entrar em contato com Sérgio pelo WhatsApp, bem como não ter nenhum vínculo institucional com o EREM Dom Sebastião Leme. Apesar de aberto ao público em geral, a preferência é para estudantes, adolescentes, jovens da rede pública de ensino e moradores/moradoras da comunidade.

Rodas de diálogos

Registro de roda de diálogo no auditório da EREM Dom Sebastião Leme. Imagem: Reprodução/Ginga

A roda exclusiva para estudantes do EREM Dom Sebastião Leme também será organizada por Sérgio e terão início às 15h com finalização estimada para às 16h40. Com 75% de presença das 40h ministradas, os envolvidos vão ganhar certificados de presença. Já os temas são diversos, mas com três pautas centrais: cultura, identidade e empreendedorismo. Confira abaixo:

28/03

Tema: “Danças urbanas enquanto instrumento de educação, fortalecimento da identidade afrodescendente e letramento racial”.

04/04Tema: “O breaking enquanto expressão das ruas e sua relação com o mundo dos negócios”.

04/05Tema: “A importância das danças urbanas como forma de expressão cultural e social nas periferias das grandes capitais do Brasil”.

Convite feito! Para mais informações e possíveis atualizações sobre a décima sexta edição da Mostra Pernambucana de Breaking, acesse o Instagram: @ginga.oficial20