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“Nordeste Água e Óleo”: conheça o documentário que mostra as consequências do maior desastre ambiental do litoral brasileiro

Atualizado: 8 de jun.

Filme estreia neste domingo (8), às 17h30, no Cinema São Luiz após vencer o Prêmio Vasconcelos Sobrinho 2025


Parte da equipe do documentário fazendo visita em Tamandaré - Guga Betanin/ Divulgação
Parte da equipe do documentário fazendo visita em Tamandaré - Guga Betanin/ Divulgação

Em agosto de 2019, mais de 1.000 localidades em 11 estados brasileiros, especialmente no Nordeste, foram atingidas por um misterioso e silencioso derramamento de óleo. Pescadores e pescadoras perderam sua principal fonte de renda. Ecossistemas marinhos foram brutalmente afetados. Milhares de pessoas se mobilizaram, com as próprias mãos, para tentar conter a tragédia ambiental diante da omissão de autoridades e da escassez de respostas.


Cinco anos depois, parte dessa história está prestes a ganhar as telas do Cinema São Luiz, no centro da cidade. O documentário “Nordeste Água e Óleo”, dirigido, roteirizado e montado por Luiz Gustavo Betanin, terá sua estreia oficial neste domingo, dia 8 de junho, às 17h30, com entrada gratuita.


Fruto de um projeto universitário independente, a obra já conquistou reconhecimento antes mesmo de sua estreia, vencendo o Prêmio Vasconcelos Sobrinho 2025, na categoria Comunicação Ambiental. O documentário se propõe a cumprir um papel social de denunciar, informar e manter viva a memória de um desastre ainda sem responsáveis definidos, e com consequências ainda presentes.


De Foz do Iguaçu ao litoral pernambucano


Guga Betanin recebendo o Prêmio Vasconcelos Sobrinho 2025 - Guga Betanin/ Divulgação
Guga Betanin recebendo o Prêmio Vasconcelos Sobrinho 2025 - Guga Betanin/ Divulgação

Luiz Gustavo Betanin, ou Guga, como é conhecido, é natural de Foz do Iguaçu, no Paraná. Chegou ao Recife em 2019, justamente quando os primeiros vestígios de óleo começavam a chegar às praias nordestinas. Recém-chegado à cidade e recém-ingresso no curso de Cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ainda em processo de adaptação à nova rotina, ele não conseguiu participar diretamente das ações de resposta ao desastre ambiental naquele momento. Mas a inquietação diante daquele cenário nunca o deixou.


“Eu sempre tive essa vontade de ser documentarista de natureza. Acho que fui muito influenciado por onde cresci. Foz do Iguaçu é uma cidade com uma relação muito forte com preservação ambiental, pelas Cataratas, pelo Parque Nacional.Então, quando entrei na faculdade, deixei claro que esse seria meu caminho, mesmo que ninguém ao meu redor compartilhasse desse interesse”, conta.


Durante os anos de formação, Guga se envolveu com diversas iniciativas ambientais, como o movimento Salve Maracaípe, projetos com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ibama Pernambuco. Todo esse repertório se condensou em seu trabalho de conclusão de curso, que se transformou em um longa documental.


Um documentário independente e denunciativo


Gravação em Itapuama - Kamilla Cunha/ Divulgação
Gravação em Itapuama - Kamilla Cunha/ Divulgação

“Nordeste Água e Óleo” não é um documentário investigativo no sentido clássico. Ele não tenta apontar culpados ou seguir a trilha da petroleira grega investigada na época. Mas, como define Guga, trata-se de uma obra denunciativa.


“Minha namorada, que é estudante de Jornalismo, cunhou esse termo que eu nunca mais esqueci. Ela disse que o filme não é investigativo, mas é denunciativo. Ele escancara o descaso, mostra que o desastre não está no passado. Ele ainda acontece. O petróleo ainda está presente nos ambientes, ainda está afetando a fauna, a flora, os ecossistemas. O episódio não acabou.”


O longa apresenta uma reconstrução cronológica do derramamento de óleo e traduz informações técnicas por meio de uma linguagem acessível e sensível. Um dos destaques do filme é um poema criado especialmente para a produção, assinado por Victor Costa, estudante de Oceanografia e também poeta. A trilha sonora é original, e toda a identidade visual foi desenvolvida exclusivamente para o projeto.


Parte da equipe na gravação em Itapuama - Lucas Emanuel/ Divulgação
Parte da equipe na gravação em Itapuama - Lucas Emanuel/ Divulgação

Sem apoio de editais, o documentário contou com o orçamento de R$ 5 mil viabilizado por meio de um projeto de pesquisa do co-orientador de Guga, o professor Gilvan Yogui, do Departamento de Oceanografia da UFPE. Com recursos limitados, a equipe recorreu a apoios espontâneos, como doações de camisetas, alimentação e empréstimos de equipamentos.


Toda a produção foi realizada de forma voluntária e colaborativa, reunindo estudantes e profissionais das áreas de cinema, jornalismo, oceanografia, design e artes visuais.


“Por ser um projeto universitário, todo mundo trabalhou de forma voluntária, e eu sou muito grato, muito feliz por isso, porque independente disso, todo mundo botou muito sangue para a coisa acontecer.”




SERVIÇO


Estreia oficial do documentário Nordeste Água e ÓleoData: Domingo, 08 de junho de 2025

Horário: 17h30

Local: Cinema São Luiz – Rua da Aurora, Recife – PE

Entrada: Gratuita 




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