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O rádio no Brasil é recifense: o pioneirismo da Rádio Clube

Foto do escritor: Isabel BahéIsabel Bahé

Atualizado: 14 de fev.

No Dia Mundial do Rádio, conheça a emissora mais antiga do Brasil


Rádio Clube
Foto: Reprodução/Biblioteca do IBGE

Por muito tempo, existia um senso comum de que a Modernidade Brasileira nasceu no sudeste. Os primeiros telefones chegaram com o Imperador ao Rio de Janeiro, a primeira transmissão televisiva no Brasil aconteceu em São Paulo, assim como o primeiro jornal brasileiro foi publicado nesta região. Talvez por abarcar a antiga capital do país e, portanto, a elite financeira, o eixo sudestino era privilegiado com a chegada de tecnologias de “ponta”, que passariam alguns anos para alcançar as demais regiões.


Pensava-se também, com muito afinco, que a primeira transmissão de rádio havia acontecido no Rio de Janeiro, no exato centenário de independência do Brasil - 7 de setembro de 1922, com direito a um discurso presidencial de Epitácio Pessoa testemunhado por uma pequena parcela de Niterói, Petrópolis e São Paulo, que possuía condições de adquirir um equipamento tão luxuoso na época. Porém, no Dia Mundial do Rádio, Recife possui uma história diferente - e mais antiga - que o conto carioca.


Na verdade, a primeira transmissão de rádio no Brasil aconteceu em um estúdio da Escola Superior de Eletricidade na Ponte d’Uchoa, Avenida Rui Barbosa, em 06 de abril de 1919, liderada pelo radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Foi uma semana antes do presidente Epitácio Pessoa - aquele que discursou na “primeira transmissão de rádio” no Rio - ser eleito como chefe do Estado brasileiro.


Qual seria a surpresa em descobrir que a primeira rádio brasileira é recifense e ainda funciona a plenas ondas desde sua criação, há quase 106 anos. A Rádio Clube, frequência 99.1 FM, nasceu por meio de conversas entre um grupo de amadores que gostavam de testar maneiras de transmitir mensagens por meio de código Morse e se reuniam nos chamados clubs. De acordo com o escritor Renato Câmara, no livro “Fragmentos da história da Rádio Clube de Pernambuco”, o objetivo do grupo formador da emissora era transmitir “o pensamento humano de uma forma mais ampla do que aquilo que a telegrafia já oferece”.


Rádio Clube
Foto: Reprodução/Acervo DOPS

Na segunda-feira posterior ao fato, não demorou muito para correr pelas ruas da capital a notícia de que o rádio havia chegado. O Jornal do Recife foi um dos anunciantes, escrevendo: “[...]Realizou-se hontem na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Club, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegraphia sem fio (...) A primeira no gênero fundada no país”.


Poucas semanas depois, a antiga Rádio Club foi registrada e teve seus Estatutos aprovados, iniciando suas atividades em um pequeno espaço no Jardim 13 de Maio até 1923, quando inauguraram a sede na Avenida Cruz Cabugá, n° 394, bairro de Santo Amaro. O seu transmissor conseguia transmitir ondas sonoras que chegavam inclusive em cidades do interior, um feito muito importante para a transmissão de mensagens e informações - ainda que, nos primeiros anos, o conteúdo fosse de cunho experimental.


Atualmente, a Rádio Clube ainda funciona no mesmo bairro, próximo ao Sistema Opinião de Comunicação. Desde sua fundação, a emissora passou pelas mãos de Assis Chateaubriand (o “fundador” da televisão brasileira e da TV Tupi), do Opinião e do Diário de Pernambuco. Com 106 anos, a Clube foi responsável pelas primeiras transmissões no Teatro Santa Isabel, pouco antes do surgimento do radioteatro (onde as peças eram encenadas nos estúdios de transmissão), juntamente com a parceria com as redações para a transmissão de notícias.


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