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Peça XIRÊ Circula em Recife e Traz Teatro Hip-Hop como Voz da Juventude Periférica

Foto do escritor: Maria Eduarda SilvaMaria Eduarda Silva

Espetáculo percorre cinco espaços culturais trazendo o teatro hip-hop e as vivências da periferia no Recife


Foto: Divulgação

O espetáculo XIRÊ, criado pelo Coletivo À Margem e encenado por estudantes do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), inicia sua circulação em Recife, trazendo uma poderosa reflexão sobre as vivências da juventude periférica


Com apresentações gratuitas em cinco pontos culturais da cidade, a peça mistura teatro, hip-hop e elementos da cultura afro-brasileira para representar tanto as dificuldades quanto os sonhos de jovens que enfrentam a marginalização social.


A circulação da peça é incentivada pela Lei Paulo Gustavo e pelo Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), com o apoio da Fundação de Cultura Cidade do Recife. 


O projeto faz parte do movimento emergente do teatro hip-hop, uma linguagem ainda nova em Pernambuco, mas que vem ganhando força como ferramenta de transformação social, especialmente nas periferias.


Uma Linguagem de Resistência e Esperança


Segundo as atrizes Alice Portela e Maria Guerra, a decisão de circular com Xirê surgiu durante o desenvolvimento da peça na disciplina de Laboratório de Encenação da UFPE. "Vimos muita potencialidade na dramaturgia e na encenação dos atores", explica Maria. 


A peça trata das dores, lutas e esperanças da juventude periférica, utilizando uma linguagem que mescla o teatro e o hip-hop. "A motivação principal foi levar a peça para o público que se identifica com essas histórias e promover representatividade", completa.


Escolher trabalhar com o teatro hip-hop foi algo natural para o Coletivo À Margem, que construiu a peça a partir de suas próprias vivências e do conceito de "escrevivências" da escritora Conceição Evaristo. 


"Buscamos trazer para o palco não só as dificuldades de ser jovem à margem, mas também a perspectiva de sermos dignos de um futuro", explica Alice Portela. A peça reflete sobre a realidade de muitos jovens periféricos que lutam para conquistar o direito de sonhar.


Vivências Pessoais no Palco


O processo de construção da peça foi desafiador para os atores, que tiveram que confrontar suas próprias experiências pessoais. “A gente teve que lidar com nossa subjetividade, com nossas dores e amores, e transformar isso em dramaturgia”, comenta Maria Guerra. 


Peça também traz a força do coletivo, com um elenco formado por artistas negros e periféricos, que utilizam a arte como instrumento de resistência e mudança.


A obra não se limita a retratar a dor. O objetivo é fazer com que o público saia inspirado. “Queremos que as pessoas reflitam sobre a possibilidade de um futuro para os jovens negros e periféricos, e que saiam de lá renovadas, se amando um pouco mais, vendo essa possibilidade de um futuro próspero”, diz Alice Portela.


Parceria com BIONE e Conexão com a Música


Uma das grandes contribuições para a peça foi a participação da rapper pernambucana BIONE, que colaborou com a dramaturgia e a sonoplastia. Suas músicas e poesias se entrelaçam com as cenas de Xirê, criando uma conexão profunda com a realidade retratada no palco. 


"Foi uma honra trabalhar com a Bione. Suas músicas refletem exatamente o que a gente queria passar, o cotidiano e os desafios de ser jovem e periférico", afirma Alice.


A sonoplastia, feita ao vivo, combina instrumentos como atabaque, agogô e pandeiro com o scratch do DJ, criando uma trilha sonora que amplifica a intensidade das cenas.


Desafios e Impacto Social


Apesar do sucesso, o processo de criação e circulação de Xirê não foi isento de desafios. "Recebemos muitos nãos, mesmo sendo um projeto fomentado pela Lei Paulo Gustavo e o SIC", revela Maria. 


No entanto, a determinação do coletivo foi essencial para continuar e garantir que a peça chegasse ao público. "A gente acredita que todo mundo tem direito à arte, e por isso todas as apresentações são gratuitas."


A circulação de Xirê também busca fortalecer a relação entre arte e transformação social nas comunidades periféricas. "A cultura não é algo excepcional, ela é como feijão com arroz, todo mundo precisa", reflete Maria, citando Gilberto Gil. 


É emocionante a forma como o público, especialmente os jovens, têm relatado o impacto que a peça tem em suas vidas. "Um jovem preto chegou no final de uma apresentação e disse: 'Eu sou porque vocês são'. Esse tipo de feedback nos mostra que estamos no caminho certo", afirma.


O Futuro do Teatro Hip-Hop em Pernambuco


O Coletivo À Margem tem consolidado seu lugar no cenário cultural pernambucano, sendo reconhecido pelo seu impacto nas periferias do Recife


A circulação de Xirê reafirma o potencial do teatro como uma ferramenta de transformação social e cultural, abrindo espaço para que jovens periféricos possam se ver representados e inspirados a moldar seu próprio futuro. "Queremos que eles saiam daqui sabendo que podem mudar seus destinos", finaliza Maria Guerra.


Confira as datas e locais das apresentações gratuitas do espetáculo Xirê:


  • 25/10 - Museu da Abolição | 15h

  • 26/10 - MAMAM | 19h

  • 01/11 - Compaz Eduardo Campos | 19h

  • 08/11 - Daruê Malungo | 19h

  • 09/11 - MUAFRO | 19h

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