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Voz, cultura e identidade: conheça a cantora Andreza Pontes

Com um olhar diferente para o mundo, a artista abreulimense usa a arte e o canto para transformar e encantar o mundo que a rodeia


Nascida e criada em Abreu e Lima, no Litoral Norte de Pernambuco, a artista independente e professora de canto Andreza Pontes transforma não apenas a própria realidade, mas também a de quem está à sua volta, com sua energia e voz potente.


Em entrevista exclusiva à Manguetown Revista, Andreza Pontes contou sobre sua trajetória na arte e cultura.


"Sabe aquele guarda-roupa, que a gente entra e foge da realidade? Era através da música que eu me conectava com o melhor que poderia ver em mim, que era o lúdico, era fantasia, era a possibilidade de sonhar, de viver algo diferente", conta a artista


Andreza Pontes. - Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Andreza Pontes. - Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Raízes


Desde de pequena, a música sempre foi um caminho para Andreza Pontes, uma forma de viver novas realidades. Com influências dentro da família, o avô, a avó e tia foram peças essenciais na sua introdução à música e no mergulho no universo da MPB.


Vinda de uma realidade difícil, Andreza encontrou na música força, beleza e conforto.


"Toda vez que eu entrava no universo da música, todas aquelas outras vozes que gritavam dentro de mim silenciavam, e a música tomava conta de todos aqueles espaços", conta a artista.


Com referências de grandes nomes da MPB como Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, Andreza também carrega a influência de um artista muito especial: seu avô, Walmir, conhecido como “Seu Dema”. Mestre cirandeiro e amigo do mestre Baracho, ele foi o responsável por apresentá-la aos movimentos culturais e à música regional que também foram bases para moldar a artista que é hoje.


"Esses movimentos construíram, de certa forma, a persona artística que eu sou. 'Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas', já dizia Gonzaginha", revela Andreza.


Valorizando suas origens, a artista destaca a importância de reconhecer o passado e de mostrar às novas gerações que esses ritmos são alicerces para a criação de novas histórias, sonoridades e estilos.


A música como instrumento de transformação


A conexão entre a cultura, raízes e música é profunda na vida de Andreza. Para ela, a música vai além de uma forma de expressão ou de trabalho, é um instrumento de transformação.


"Eu busquei a música porque ela me puxou primeiro, sabe? Ela me resgatou e faz sentido para minha vida. Traz cor, brilho e propósito. Quando eu canto e vejo que as pessoas se conectam, quando eu sinto que elas estão conectadas com a minha voz, minha alegria, eu fecho os olhos e elas cantam, choram, riem comigo, eu sinto que ali minha vida faz sentido", compartilha a artista.


Além dos palcos, Andreza leva essa potência para a educação. É professora particular de canto e, ao lado de Inaldo Pedro, seu parceiro de vida e de palco, idealizou o projeto Vozes da Periferia, que oferece aulas de música para crianças de escolas públicas de Abreu e Lima.



Projeto Vozes da Periferia. Imagem: Arquivo pessoal da artista
Projeto Vozes da Periferia. Imagem: Arquivo pessoal da artista

"Eu tenho me encontrado muito nesse lugar como professora de canto, sabe? Tem sido uma experiência nova para mim e muito enriquecedora. A partir do princípio de que você tá repassando conhecimento para outras pessoas, você também está absorvendo delas, e tem sido algo muito bacana ver a evolução, tanto das crianças com o projeto Vozes da Periferia quanto dos alunos adultos,  observar eles se desafiando e estar ali como mola propulsora desse processo, desse encontro com a música", relata a cantora.


Dificuldades


Apesar da forte ligação com a música e de tudo o que ela proporciona, ser artista independente vem acompanhado de algumas dificuldades, como a falta de reconhecimento e valorização .


"Eu não canto só por amor, eu canto com amor e quero ser vista, reconhecida e remunerada por isso. Eu não canto para buscar a fama, mas eu gostaria de ter mais visibilidade e respeito pelo meu ofício artístico, porque é um ofício árduo, de luta, resistência e de muita dedicação. Gostaria que vivêssemos em uma sociedade onde as pessoas que seguem pelo caminho da arte fossem mais vistas como profissionais a serem respeitados e valorizados", pontua.


Para além dessas dificuldades, como artista independente há o desafio de ter que se dividir em multitarefas para gerenciar a própria carreira.


"Trabalhar com arte, é trabalhar com a entrega de sentimentos, emoções, tempo de estudo e dedicação. E, muitas vezes você quando se é artista autônomo, é você quem gerencia sua carreira, faz as mídias, vê o figurino, cuida do transporte. É você que é o holding, o empresário, você que busca as tocadas", afirma Andreza.


Futuro


Traçando novos caminhos na música, a artista está preparando diversos projetos, entre eles a gravação de músicas autorais e um trabalho voltado para ciranda, como forma de resgate e mistura entre tradição e o novo. Andreza também revelou o desejo de produzir projetos junto a artistas pernambucanos que a inspiram, como Almério, Martins e Joyce Alane.


Como professora,  pretende continuar ministrando aulas particulares e dando continuidade ao projeto Vozes da Periferia, levando cada vez mais cultura e o poder transformador da música para crianças e adolescentes de escolas públicas.


Cantora Andreza Pontes. Imagem: Arquivo pessoal
Cantora Andreza Pontes. Imagem: Arquivo pessoal

"Quando a gente faz com verdade, com amor, de alguma forma isso se manifesta em retorno para a gente através das pessoas, dos sorrisos delas quando escutam tua música e dizem que tocou o coração, que inspirou a ser melhor, que aqueles lugares eram diferentes antes de você chegar. Como nas aulas com as crianças, por exemplo, um espaço sendo ocupado pela arte e pela música, cheio de esperança, de possibilidade, de sonhos. Isso alimenta a nossa alma a continuar prosseguindo." finaliza Andreza.


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