Crítica: DJ IDLIBRA experimenta batidas eletrônicas, Ballroom e Rap no EP “Contracurra”
- Manu Gomes

- 3 de nov.
- 4 min de leitura
Com seis faixas, o novo trabalho da DJ e produtora olindense aprofunda parcerias nas sonoridades do Ballroom e do Grime

A DJ e produtora IDLIBRA lançou “Contracurra”, seu terceiro EP (Extended Play). O projeto marca uma nova fase na trajetória da artista, sendo o mais extenso de sua carreira, com seis faixas autorais que transitam entre o eletrônico, o hip hop e as influências do Ballroom e do Grime.
Cantando em português e inglês, a DJ mistura potência rítmica e lirismo urbano, criando atmosferas dançantes e introspectivas. O trabalho conta com participações de Tremsete, EVYLiN e BADSISTA, mostrando uma nova vertente inventiva da artista ao explorar as sonoridades urbanas do Rap.
Natural de Olinda (PE), Libra Lima, de 28 anos, é uma das artistas em destaque da cena musical eletrônica pernambucana. Com passagens por quatro turnês na Europa, a DJ já colaborou com nomes como Uana, MC GW, Carlos do Complexo e Juçara Marçal. Em 2026, ela se prepara para subir ao palco do Lollapalooza Brasil, reafirmando seu alcance e reconhecimento dentro e fora do país.
Dos primeiros EPs ao “Contracurra”

O primeiro lançamento da artista, o EP “Muganga” (2023), apresentou uma sonoridade marcada por batidas de bregafunk, synths de eletro e letras sensuais — como na faixa “Xrqnha”, que chamou atenção por sua energia provocante e tropical.
Já em “Neotrópicos” (2024), IDLIBRA mergulhou mais fundo nas camadas do funk brasileiro, explorando timbres pulsantes e melodias quentes. A faixa “Kalate”, em parceria com paulistana BADSISTA, é um dos pontos altos do trabalho, unindo intensidade eletrônica e erotismo poético. Esse projeto já possui uma análise completa aqui na Manguetown Revista.
Faixa a faixa de “Contracurra”
O EP “Contracurra” dá continuidade a identidade percussiva dos últimos trabalhos da artista e traz experimentos nos gêneros Drum n' Bass, Guetto Techno e Vogue ao longo das faixas. Ele é dividido perfeitamente em músicas instrumentais e parcerias do rap que exploram as batidas eletrônicas de IDLIBRA.
“Rara (Intro)” é uma faixa que dá início ao projeto com saxofones do jazz que gradualmente transitam para o batidão vibrante de IDLIBRA. É um destaque por brincar com vocalizações e frases curtas em inglês.
“Pervertida”, com participação especial da artista baiana EVYLiN, traz a sensualidade e desejo na rotina das artistas. A batida segue um Vogue acelerado que entrelaça os vocais de EVYLiN no Ballroom - cultura de danças e performances de pessoas LGBTQIAPN+, negras e latinas, criado nos Estados Unidos.
“Vou te ensinar, assim que se faz, te consumir, vou tirar a sua paz”, canta a artista ao longo da faixa.
Após barulhos de sirenes e flashes de câmeras, a música tem uma virada para inglês e passa a ser falada. As artistas mandam um recado para alguém (talvez uma rival) que tenta imitá-las, ficar com o ex delas, ou ser como elas. A mensagem é de autoafirmação e poder.

“Sonic Kiss” também é uma faixa instrumental e possui uma dos synths metalizados mais densos do EP. Além de ter elementos como gemidinhos que se dissipam como beijos jogados no ar.
A faixa “Acelerá”, em parceria com a rapper recifense Tremsete, foi trabalhada como single principal do EP. marcada por batidas rápidas e versos intensos. O estilo do Rap é chamado Grime que surgiu em Londres (Inglaterra) e foi adaptado ao contexto cultural do Brasil, incorporando elementos do Funk, pagodão e Samba-reggae e referências locais.
“Tô com calor / Chego em piedade / Eu sou tubarão, eu tô no ataque / Não me ataca, rivalidade / Tu me odeia, eu tô na line / Eu e Libra te balançando / Tu me obedece que eu tô mandando / Teu CPF tô cancelando”, rima a artista Tremsete.
A letra é como uma resposta a quem duvidou do potencial das artistas, que se reafirmam como uma potência musical em crescimento, acompanhado de batidas eletrônicas que aceleram, param e se agitam no drop pós-refrão. Ela foi lançada junto com um videoclipe, confira aqui.
“Drumplane” é a última canção instrumental e possui o estilo Drum n' Bass, que é uma batida acelerada de tambores eletrizantes.
A última faixa do disco, “Vazare (This Is Everything I Have)”, marca a segunda parceria entre IDLIBRA com o DJ e produtor BADSISTA. A letra é simples e faz referência ao golpe de judô Waza-Ari — dois somados resultam na vitória do combate. É um convite para ser combativa e não deitar para situações adversas:
“Pode vir com força que esse não deitou / Vou ficar estressado, irritado, querendo dar um esculacho / Dar dois soco adoidado depois aplicar o vazare”, canta BADSISTA.
A frase “this is everything I have” (do inglês, “isso é tudo o que eu tenho”) é repetida como um mantra, ao longo da canção, antes de entrar no ringue. A batida é marcante com sons de instrumentos e vocais distorcidos, além de toque característico de celular para marcar a repetição das estrofes.
A força desse EP está na experimentação de novos estilos e parcerias, construindo uniões entre o underground e o mainstream. Escute “Contracurra” de IDLIBRA nas principais plataformas digitais.



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