Max Motta retorna ao Recife com “A Cara do Brasil 7 - Sal e Sol”
- Maria Eduarda Silva
- 26 de ago.
- 3 min de leitura
Exposição ocupa o Instituto Ploeg até 15 de novembro com obras inéditas, diálogos entre artes e experiências sensoriais sobre identidade e resistência

O artista pernambucano Max Motta retorna ao Recife com a exposição “A Cara do Brasil 7 - Sal e Sol”, em cartaz no Instituto Ploeg, no bairro da Boa Vista, até o dia 15 de novembro. A sétima edição marca o retorno da série após um hiato de dois anos e reúne cerca de 60 obras, sendo 17 inéditas, sob curadoria do próprio artista e da produtora cultural Amanda Lira. A entrada é gratuita e todas as obras estão disponíveis para venda.
Criada em 2022, a série “A Cara do Brasil” nasceu da inquietação de Max em relação às imagens que representavam o país. “A gente cresceu achando que o Brasil bonito era o que parecia ‘de fora’, que o certo era esconder nosso sotaque, disfarçar nossa cor, silenciar nossa origem. Essa exposição é uma resposta a isso. É sobre colocar no centro quem sempre foi jogado pros cantos”, afirma.
A mostra ocupa cinco ambientes do casarão que abriga o Instituto Ploeg, unindo muralismo, instalações interativas e diferentes texturas em uma experiência multissensorial. Logo na entrada, um corredor de murais conduz o público até o quintal, onde novos painéis ampliam o percurso.

Na sala “Carne do Brasil”, o visitante encontra obras de caráter crítico e social. Entre elas, “Melhor Amigo”, que retrata a lealdade de um cão ao tutor em situação de rua, e uma releitura da “Pietà” de Michelangelo, em que uma mulher negra segura o filho morto nos braços, com o sangue escorrendo em forma de mapa do Brasil.
O salão principal concentra boa parte da produção mais recente do artista. Em “Sal e Sol”, as cores vibrantes celebram a praia, os corpos negros e a alegria. Já em “Família”, Max retrata momentos de intimidade e nostalgia em cenas do cotidiano. Também há espaço para o interior do Brasil, com registros de feiras populares, da cachaça e da estética vernacular das caligrafias que marcam fachadas e comércios locais.
A exposição se expande para além das artes visuais, criando pontes com a literatura e a música. Estão presentes as obras originais feitas para a nova edição de Clara dos Anjos, de Lima Barreto, lançada pela Editora Planeta, e a trilogia inspirada na canção Dorival, da banda Academia da Berlinda.
Outro destaque é o Ateliê Aberto, espaço que apresenta trabalhos de alunos de Max produzidos ao longo de nove meses de cursos de pintura no Instituto Ploeg. Já em uma das salas, o público é imerso em um ambiente totalmente pintado, das paredes ao chão, com retratos de pessoas negras, indígenas, além de fauna e flora brasileiras, acompanhados da frase: “O Brasil tem sua cara”.

Além de reunir inéditos, a mostra revisita todas as seis edições anteriores de “A Cara do Brasil”, realizadas em cidades como Belo Horizonte e Olinda. Pinturas, fotografias e vídeos ajudam a reconstruir o caminho percorrido pelo artista até aqui. Nesta nova edição, Max Motta se confunde com a própria obra: a exposição é ele, e ele é a exposição. Todas as fases anteriores se encontram reunidas como um só corpo, tecido por memórias, vivências e saberes acumulados ao longo de sua trajetória.
Serviço:
Exposição “A Cara do Brasil 7 - Sal e Sol”, de Max Motta
Quando: até 15 de novembro de 2025
Horário: segunda a sábado, das 10h às 17h
Onde: Instituto Ploeg - Rua da Santa Cruz, 190, Boa Vista, Recife (em frente ao Mercado da Boa Vista)
Entrada gratuita
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