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R Prince: o freestyle da Zona Norte que ecoa no palco do Duelo de MCs Estadual

Direto do bairro de Água Fria, rapper rompe limites de idade e território para ter a chance de competir na final do campeonato


Seletiva Batalha do Camarás. Imagem: Reprodução/Redes Sociais
Seletiva Batalha do Camarás. Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Descobrir ainda cedo o caminho o qual deve seguir não é uma realidade para a maioria das pessoas. Mas em Água Fria, bairro na Zona Norte do Recife, um nome que acumula destaques na cena do Hip Hop pernambucano teve o privilégio de reconhecer jovem a própria vocação. Com apenas 17 anos, Ryan, mais conhecido como R Prince, arrasta um público efervescente que dá valor ao freestyle que lança e acumula dois títulos de finalista do Duelo de MCs Estadual, conquistados nas duas edições em que participou.


Seja para um fã, seja para um MC da cena do Hip Hop pernambucano, ou os dois, a presença de R Prince passa cada vez menos despercebida. Muito pelo contrário, dentro e fora do Estado, o rapper já é a referência da nova geração do segmento. Em uma entrevista exclusiva para a Manguetown Revista, ele compartilha o que faz de Ryan o “R Prince” e as motivações para apresentar o vulgo em palcos como o do Duelo de MCs.


É a base que faz R Prince crescer


Sem precisar romper os limites do território, Ryan encontrou a inspiração que precisava para começar. Acompanhar de perto MCs pernambucanos o fez perceber que era isso que também gostaria de fazer. Aos 12 anos, toma a iniciativa de começar e passado os anos, junta provas de que não é a idade que faz o artista, mas a qualidade do que tem para mostrar. 


Nas redes sociais, os versos de R Prince são elogiados por referências nacionais nas rimas. Kant, Jotapê, Guri e Barreto são alguns dos nomes que consideram R. Prince a nova inspiração, o que surpreende o MC pernambucano, pois “os cara é que são uma inspiração para mim”, comenta.


É no ciclo do freestyle pernambucano que R Prince encontra a inspiração que escolhe destacar: “minha inspiração de verdade mesmo é Alemão, Acuca, Vínicius ZN”. Os MCs foram influências importantes para Ryan dar o primeiro passo e se consolidar como R Prince. Somado à técnica, encontrou “amizades que me ajudaram a lidar com o peso de ser um artista”, complementa.


Já para lapidar o próprio estilo, fincou raízes nos arredores de Água Fria. A Batalha do Trombone, que acontece no bairro, foi o primeiro palco a acolher o jovem MC de 14 anos, na época, e um holofote para revelá-lo na cena. 

Rappers na Batalha do Trombone. Imagem: @afrorec_
Rappers na Batalha do Trombone. Imagem: @afrorec_

“Desde que fui a primeira vez, me senti muito abraçado, fiquei apaixonado pela batalha. E desde que comecei a rimar no Trombone, tive aquela vontade de melhorar, porque precisava ganhar uma edição. O primeiro título veio, mas precisava melhorar [mais]”, relembra. Para R Prince, o reconhecimento dentro da própria comunidade tem um peso especial, uma vez que “isso também me realiza mais como pessoa do que [apenas] como artista, porque sinto que uma missão tá sendo feita”.

Na visão do MC, o rap é mais que competição: “cada pessoa pode definir o rap de uma forma, só você mesmo pode decidir o que o rap significa para você. Para mim, o rap é a voz da periferia” e o feedback positivo sinônimo de que conseguiu representá-la.

Duelo de MCs: o desafio do ano


Com a Batalha do Trombone como base e território de formação, R Prince está sempre em busca de outras batalhas para marcar presença. “Gosto muito de batalhar em outras zonas porque me força a rimar com MCs de repertórios e jeitos de rimar diferentes” e o Duelo de MCs é uma consequência disso. 


Nas duas edições em que competiu, tanto na Batalha da Várzea em 2024 e na Batalha dos Camarás, que aconteceu em Camaragibe, RMR, nesse ano, tornou-se campeão e garantiu a vaga na final estadual e a chance de tentar representar Pernambuco no Nacional. Apesar de não ter conseguido em 2024, retorna mais preparado para tentar pela segunda vez uma vaga no que considera o desafio do ano.


“Para mim, o estadual é o desafio do ano. Então tenho que me preparar o ano todo para chegar, porque é um sonho conseguir vencer. [É estar] diante de uma estrada para uma etapa maior [o nacional]. Seria muito bom ganhar o nacional ou tipo, pelo menos mostrar para o povo até onde eu posso chegar”, adiciona.


Finalista na Batalha dos Camarás


Seletiva Batalha dos Camarás. Imagem: Reprodução/ Redes Sociais
Seletiva Batalha dos Camarás. Imagem: Reprodução/ Redes Sociais

Em 30 de julho, R Prince marca presença na seletiva que foi uma etapa até o título de finalista. Com a Zona Norte na bagagem, a oportunidade de mostrar o potencial e dar o nome em outro território também é uma felicidade. 


O rapper que tem vontade de rimar na Batalha da Aldeia, do Coliseu, em São Paulo, bem como na Batalha da Torre, na Bahia, não deixa de reconhecer o Nacional como uma porta para adentrar tudo isso. E, em 2025, a Batalha dos Camarás surge como impulso para buscar esses espaços.

Conheça mais da batalha que acontece em Camaragibe e marca ponto importante na trajetória de R Prince: “A resistência que flui da minha boca: conheça a Batalha dos Camarás”.


“A batalha é principalmente quando ninguém tá vendo”


Ryan segue firme na busca por evolução. “A batalha não é só quando você sobe no palco. A batalha é primeiramente se vencer sempre. Não importa quantas vezes eu perca, todas as vezes eu vou melhorar para eu poder ganhar”, afirma.

Entre sonhos de rimar em outros estados, como na Batalha da Torre, da Bahia; Batalha do Coliseu em São Paulo ou no Espírito Santo, e a rotina de treinos e estudos, R Prince também se recarrega com o propósito de viver do que ama. 


“Desde o começo eu sinto que é a coisa que eu mais gosto de fazer. Pode ser simples assim, mas é o que eu amo. É um sonho poder se sustentar fazendo o que a gente ama”, soma.

Com a força da comunidade e a poesia das ruas, Ryan segue provando que a idade não define talento. Em Água Fria, onde tudo começou, o jovem MC já escreve sua história, rima por rima, enquanto inspira futuros MCs e é inspirado pela cena que viu Ryan virar o “príncipe da Zona Norte”.

Para a cena do Hip Hop, R Prince deixa uma mensagem: “O recado que eu dou para a cena é que tipo, a gente sempre precisa de mais união, de mais harmonia, de pensamento em conjunto, porque várias cabeças pensam melhor que uma só, né?”. Acompanhe as redes sociais do rapper: @r_prince.zn

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